quarta-feira, 12 de junho de 2013

As vidas que o PNE poderia mudar

O filho de 1 ano e meio brinca com paus e pedras no quintal e Talita Cristina da Silva, 20 anos, o segue com o próximo bebê já na barriga. "Não pode ir aí", "Solta isso" e "Cuidado" são algumas das frases que mais diz o dia todo, consciente de que não é a melhor rotina nem para ele nem para ela própria. "Queria que ele fosse para a creche para aprender mais coisas, brincar e eu também poder ir atrás de melhorar de vida", diz.

Talita e os filhos são exemplos da demanda por educação que o Brasil não conseguiu atender até agora. Por trás da destinação dos royalties para o setor e da consequente aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) com 10% do PIB para a área estão milhões de pessoas como ela que dependem de mais investimento para conseguir o direito ao ensino de qualidade.

O projeto está há dois anos e meio em tramitação no Congresso Nacional e prevê 20 metas que devem ser cumpridas até 2020. Desde a última semana, também inclui uma emenda que destina 100% dos royalties do petróleo para a educação, estratégia do governo para que seja cumprido.

A jovem de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, aguarda há nove meses vaga para o filho em uma das poucas creches da cidade. No meio da espera, descobriu que o segundo filho está a caminho e logo precisará de duas vagas. "Se não tem vaga nem para o primeiro, imagina agora", lamenta. Enquanto a meta 1 do PNE é atender 50% das crianças de até 3 anos, a cidade onde vive tem apenas 178 vagas públicas e 2,2 mil nomes na lista de espera. Um retrato de algo que se repete em todo o Brasil, onde há 1,6 milhão de vagas públicas para mais de 10 milhões de crianças na faixa etária.

Por causa disso, Talita deve engrossar o déficit relacionado às metas 11 e 12 , de ampliar a população entre 18 e 24 anos com curso técnico e superior. "Eu era boa aluna, mas quanto mais o tempo passa mais difícil acho de voltar para a escola. Agora já estou pensando em fazer bico quando os meninos estiverem maiorzinhos."

Morador da mesma cidade, Carlos Vinicius Costa Santos, 14 anos, é mais otimista quanto ao próprio futuro que personifica outros pontos ambicionados no projeto do PNE. Caçula em uma família de cinco irmãos sustentados pela avó diarista, ele é o único que não abandou a escola ou perdeu anos de estudo até o momento. "Acho que meus irmãos pararam por desinteresse mesmo. Eu pretendo ser advogado", diz .

Se apenas concluir o último ano do ensino fundamental já vai ajudar a cumprir a meta 2 , de universalização do ensino fundamental na idade correta, algo que seus irmãos e outros 539 mil brasileiros não fizeram segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, de 2011. A irmã, Taiane, de 16 anos, chegou a concluir com atraso o fundamental e agora se divide entre a busca por emprego e o ensino médio noturno.

Ela dá pistas do que levou ao desinteresse dos irmãos. "O Carlos ainda estuda de dia e em uma escola que quase não falta professor. O colégio (ensino médio) é mais complicado, falta tudo, aula mesmo é raro e tem muita influência ruim", resume. Ainda assim, ela voltou para a escola ao menos enquanto não encontra trabalho. Melhorar o ensino médio e mantê-la como aluna é a meta 3 do PNE, de atender 85% dos adolescentes de 15 a 17 anos. Atualmente, só 80% estudam – o que significa que 2 milhões de jovens nessa idade estão fora da escola.

O futuro da família se relaciona ainda com a meta 8 , de elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos para os 25% mais pobres e igualar a situação de negros e brancos até 2020. No último Censo, de 2010, apenas um em cada cinco negros acima de 20 anos continuava estudando

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