sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Conversando com versos(96): "Acrobata da dor", de Cruz e Souza (1861-1898)



Acrobata da dor


Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.


Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta, gavroche, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d'aço. . .

E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.


Fonte: Leminsky, Paulo. Cruz e Souza. Coleção Encanto Radical. São Paulo: Brasiliense, 1983, pp. 69/70)


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