Aparelhos cada vez mais modernos e cheios de recursos
prontos para capturar momentos e mostrá-los ao mundo, possibilitando a qualquer
anônimo ter seus "cinco minutos” de fama. Viver numa Era Tecnológica e da
Informação onde o mundo está conectado e as pessoas expõem suas vidas – ou são
flagradas e expostas - nas redes sociais e meios de comunicação, falar de
privacidade parece ser contraditório. No entanto, é justamente essa a questão
que tem levantado polêmica e ganhado destaque no Brasil nos últimos dias.
Durante a gravação do programa ‘Saia Justa’, do
canal pago GNT, a produtora e empresária Paula Lavigne, ex-mulher do cantor
Caetano Veloso, alimentou um debate acalorado sobre a questão da privacidade
nas biografias não autorizadas. Ela, quem defende uma autorização prévia e o
consentimento do biografado para a publicação de obras sobre sua vida, disse
que no Brasil "parece que só existe liberdade de expressão”, mas que o
"direito à privacidade não é respeitado”.
Presidente da associação Procure Saber, que trata
dos interesses de artistas como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan e
Caetano Veloso, ela disse que o grupo foi acusado de "censor” de uma
maneira "muito desrespeitosa” e reclamou que vem sofrendo retaliações por
causa de sua postura. "Eu sou a favor que nós sejamos um país tão
civilizado que a gente não precise de autorização”, desabafou.
Debate no
Congresso
O debate, no entanto, divide opiniões de artistas e
parlamentares. Nas últimas semanas o Congresso Nacional vem debatendo se os
artigos 20 e 21 devem ser mantidos no Código Civil. São estes artigos que
proíbem a publicação de informações pessoas pessoais que atinjam a honra, fama
ou que se destinem para fins comerciais. A proposta é derrubar qualquer tipo de
censura de obras sobre pessoas públicas.
Segundo informações do Fórum Nacional pela
Democratização da Comunicação (FNDC), depois de aprovada na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), a matéria deveria seguir para o Senado, mas um
recurso assinado por 71 parlamentares impediu o envio para os senadores, já que
acreditam que é o plenário da Câmara que deve tratar a questão primeiro, e o
impasse continua.
A discussão já chegou ao Supremo Tribunal Federal
(STF) que analisa uma ação da Associação Nacional dos Editores de Livro e
outras organizações que pedem que a exigência de autorização de personagens ou
seus herdeiros para a publicação de biografias de obras nas quais eles são
citados seja declarada inconstitucional. O grupo pede o fim dos artigos 20 e 21
do Código Civil.
Para os que defendem as obras biográficas sem
autorizações, o biografado não pode impedir que a obra venha a público, e
apenas pode entrar na justiça por danos caso se sinta prejudicado pelas
histórias depois de sua publicação.
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