Os
problemas de saúde que afetam a vida dos/as trabalhadores em educação há muito
tempo vem sendo denunciados pelo SINTE/SC. Um ponto da pauta de reivindicação
que sequer é levado em consideração pelo governo na mesa de negociação.
Os
afastamentos não acontecem da noite para o dia, eles são consequência de
fatores ligados à atividade docente tais como sobrecarga de trabalho,
responsabilidade excessiva, falta de apoio e expectativas excessivas próprias
ou de pessoas que o cercam; falta de estimulo, tédio, solidão, ruídos,
alterações do sono, falta de perspectivas, mudanças constantes determinadas
pelos gestores, negligência com as condições ergonômicas na organização do
trabalho, que invariavelmente comprometem física e psicologicamente os
professores.
Segundo
o pesquisador Benevides-Pereira, o desgaste físico e emocional a que os
professores estão submetidos em seu ambiente de trabalho e na execução de suas
tarefas, é determinante nos casos de transtornos relacionados ao estresse, como
as depressões, transtornos de ansiedade, fobias, distúrbios psicossomáticos e a
síndrome de Burnout. "Freudenberger (1974) considera a síndrome de Burnout
um estado de esgotamento ou exaustão resultante de grande dedicação e esforço
no trabalho, onde o indivíduo afasta ou deixa de lado as suas próprias
necessidades. Suas principais manifestações estão relacionadas ao rebaixamento
da autoestima, o esgotamento levando ao absenteísmo".
É
consenso na literatura especializada, que a categoria dos professores é a mais
afetada pelos fatores que apontamos acima. Mesmo assim o governo ao invés de
procurar entender a raiz do problema, busca a maneira mais simples de
contornar-lo, que é apurar dados e apontar culpados. Não foram e não são poucas
as afirmações por parte de gestores que, o desânimo, a falta de motivação e
interesse e o descaso em relação ao trabalho, são apenas "preguiça",
"dissimulação" ou, outros termos depreciativos.
De
acordo com pesquisadores/as "este parece ser um dos aspectos que leva o
indivíduo a lutar contra a síndrome de Burnout (à medida que não reconhece a
sua existência), não percebendo que está se esgotando cada vez mais, ampliando
o seu sentimento de desistência não só do trabalho, mas também da própria
vida".
Para
a mestre em Psicologia pela UFRJ, Elaine Juncken, as consequências vão além da
queda na qualidade do trabalho. "O professor pode abandonar a carreira e,
em casos extremos, as doenças podem levar o profissional ao suicídio".
Diante
do aumento dessas doenças no magistério Catarinense, o SINTE/SC assessorado
pelo Professor Doutor em Saúde Pública da USP, Herval Pina Ribeiro,
especialista em saúde do trabalho, que fez uma grande pesquisa acerca do
assunto, afirmou que, estima-se que 8,5% (oito milhões de pessoas) da população
brasileira economicamente ativa, acima de 18 anos, são vulneráveis a
transtornos vocais por serem obrigados a utilizar a voz como instrumento de
trabalho, além disso, transtornos mentais e comportamentais são associados aos
problemas vocais.
Pelas
estatísticas do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS, entre 2005 e 2010
os transtornos mentais ascenderam e passaram a ocupar o 2º lugar entre os
grupos de doenças do trabalho notificadas aos INSS, órgão que não inclui os 11
milhões de trabalhadores públicos, entre os quais estão os professores da rede
estadual de ensino.
Para
o Professor, a hipótese é que os transtornos coletivos da saúde metal e da voz
dos trabalhadores públicos contemporâneos, em especial dos de educação,
"são expressões de uma enorme e crescente degradação do trabalho, cujas
evidências são as condições de trabalho que o Estado lhes impõe, a jornada que
lhes obriga e o salário que lhes paga".
Entendemos
que a situação é grave, e é preciso criar mecanismos de prevenção a essas
doenças, com ações que passam, principalmente, por uma profunda análise das
péssimas condições de trabalho, as quais os trabalhadores em educação são
submetidos.
O
Governo deve pensar em políticas públicas que de fato atendam essas pessoas
para isto é necessário que o governo equacione o número de médicos credenciados
para o atendimento no SC/Saúde, plano dos servidores públicos estaduais, que
levem em conta as necessidades dos/as segurados/as, pois há uma grande
deficiência essencialmente nas áreas como cardiologia, fonoaudiologia,
psicologia, psiquiatria, ortopedia, fisioterapia, áreas fundamentais para o bom
atendimento do setor.
(SINTE/SC)
Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
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