segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

"Entrevista dada por Frei Betto à mídia do Japão", por Frei Betto


Na carta que foi divulgada pela imprensa cubana, Fidel Castro manifestou apoio às negociações para restabelecimento das relações entre Estados Unidos e Cuba, apesar de dizer que não confia na política norte-americana.




Como o senhor, amigo de longa data de Fidel, vê a reaproximação de Cuba com os Estados Unidos? O senhor acha que Cuba segue na direção correta?
Frei Betto: Sim, Cuba segue na direção correta. Primeiro, porque Obama se sentiu obrigado a reconhecer publicamente o fracasso do bloqueio. Segundo, porque para Cuba não basta o reatamento de relações formais entre os dois países, é preciso que os EUA suspendam o bloqueio, tirem Cuba da lista de países terroristas, anulem as leis Torricelli e Helms-Burton, permitam linhas regulares de empresas aéreas estadunidenses para Cuba e devolvam a base naval de Guantánamo. Não basta Obama declarar que os EUA mudarão seus métodos. Devem, sobretudo, modificar seus objetivos de quererem colonizar Cuba.

No encontro com Fidel Castro nesta semana, ele emitiu alguma opinião sobre o processo de normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos?
FB: Sim, ele disse que, para a paz, é importante o diálogo, porém sem perder de vista o fato de os EUA serem um país inimigo, que muitos danos causou ao povo cubano. Ele considera que o restabelecimento de relações normais será um longo processo.

Com o objetivo de construir uma sociedade mais justa e igualitária, Fidel Castro, em busca desse ideal, adotou o socialismo como sistema politico. Mas a crescente desigualdade social é uma realidade em Cuba.
FB: Embora haja desigualdade social, não há miséria, famílias ao relento, crianças de rua, máfias de drogas etc. E os índices sociais do país, segundo a ONU e a Organização Mundial da Saúde, figuram entre os mais altos. Há em Havana um outdoor que faz a todos nós, brasileiros, corar de vergonha: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana."

O senhor acha que o projeto de Fidel foi bem sucedido? Nesse momento, o povo cubano é feliz?
FB: Sim, o povo cubano é feliz, e isso constatam todos que viajam àquele país. É um povo alegre, musical, poético, criativo. Se as coisas não estão melhores isso é devido aos 53 anos de bloqueio criminoso imposto pelos EUA e ao esfacelamente inesperado da União Soviética, a grande parceira de Cuba. Só o fato de a Revolução haver assegurado a toda a população cubana os três direitos humanos fundamentais - alimentação, saúde e educação - é motivo para Fidel se considerar bem sucedido.

Fidel não aparece em público há mais de um ano, apesar das expectativas de muitos cubanos. No âmbito da retomada das relações, Fidel Castro não foi receber os cinco heróis de Cuba liberados para retornar à ilha.
FB: Não estou seguro de que Fidel não recebeu os Cinco Heróis cubanos. Talvez o tenha feito e preferido a discrição. No meu caso, me recebeu a 27 de janeiro deste ano durante uma hora e meia e autorizou que eu divulgasse nosso encontro. Aliás, ele também divulgou através da mídia cubana, embora de modo bem mais sucinto que o meu.

Por que o senhor acha que não há divulgação de nenhuma imagem que mostra o estado de saúde de Fidel?
FB: Se você tomar a foto que tiramos na conversa de 2014, divulgada pela AFP, ele está absolutamente igual a hoje. Mais magro, com voz mais suave, porém inteiramente lúcido. Anotava cada item de nossa conversa. Como me disse: "Para azar de meus inimigos, continuo vivo."




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