quarta-feira, 30 de abril de 2014

Sepe/RJ convoca assembleia unificada das redes estadual e municipal do Rio de Janeiro, em 7 de maio, com paralisação de 24 horas


Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu

Sepe - Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
End.: Alameda Casimiro de Abreu, 292 – 3º and. Sl. 8 – Nova Esperança – Rio das Ostras
Tel.: (22) 2764-7730
Horário de Funcionamento: Segunda, Quarta e Sexta das 09h às 13h; Terça e Quinta das 13h às 17h.
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Sepe/RJ realiza 2º Encontro de Lideranças de Aposentados em 29 de abril. Núcleo presente.

 



No dia 29 de abril, terça-feira, o Sepe/RJ realizou o 2º Encontro de Lideranças de Aposentados, no auditório do sindicato.



Da programação constavam: 1) Informes gerais dos Núcleos e Regionais e 2) Plano de lutas e organização da itinerância regional.



De início, foi dado informe sobre a atual situação da ação do Nova Escola. O Sepe/RJ teve vitória na Justiça para pagamento da gratificação dos aposentados da rede estadual entre 200 e 2009, como já amplamente divulgado, inclusive por este blog. De novidade, a possível ampliação do prazo para receber nossos aposentados, a partir do final de maio próximo (a confirmar).



Sobre aos informes dos Núcleos e Regionais, o quadro se mostrou recorrente, principalmente quanto às dificuldades em se reunir aposentados em torno dos Coletivos locais. Com a aposentadoria, muitas vezes mudam os endereços e telefones dos profissionais, sem haver atualização dos dados no cadastro, o que impossibilita contato com os aposentados.



Daí ter surgido uma proposta para que o Sepe/RJ (Sepe Central) atualize o atual cadastro geral dos aposentados, inclusive no formato de etiquetas para que possam ser postadas pelos Correios para futuras convocações.



No bojo desta proposta, foi apresentada ainda a necessidade de um jornal específico com pauta construída coletivamente para ser enviado para a residência dos aposentados.



Além disso, conforme já acontece em alguns Núcleos e Regionais, o Sepe/RJ deve organizar um calendário de atividades específicas para esse segmento de profissionais da educação, como encontros, atividades culturais, de lazer etc. Como lembrado por uma participante desse 2º Encontro: “O profissional está aposentado do trabalho, e não da vida e da luta.”



Quanto a Plano de Lutas, foi feito novo levantamento das questões relativas aos aposentados para além das ações judiciais como a do Nova Escola, a do 164 etc., com foco principal sobre a pauta histórica da luta pela paridade com integralidade dos vencimentos.



Para concluir a programação, já na parte da tarde, ocorreu uma avaliação crítica sobre o 14º Congresso do Sepe/RJ realizado nos dias 26 a 29 de março passado. Apesar de destacados alguns pontos positivos quanto à organização do evento, tendo como referência congressos passados, os presentes apresentaram suas críticas – ainda que construtivas – ao andamento dos trabalhos. Por exemplo, com os atrasos, as mesas de debates ficaram prejudicadas.



Em resumo, ficou a impressão – pelo menos nesta primeira avaliação – de que não se aproveitou adequadamente o momento para se discutir as inúmeras propostas presentes nas 21 Teses Gerais. 



Com isso perdeu-se a oportunidade para se organizar mais e melhor a categoria e próprio sindicato para as lutas que se avizinham para o próximo período. De nossa parte, enquanto aposentados, lamentamos também não termos tido “pernas” para construirmos uma tese própria do Coletivo de Aposentados, como aconteceu em congressos anteriores.





Quanto à organização das itinerâncias regionais, ficou aprovada alternância entre encontros promovidos, ora por Núcleos do interior, ora por Regionais da capital. Já na tradicional comemoração ao final de cada encontro, houve apresentação de registros documentais e fotográficos de momentos vividos pelos aposentados em antigas lutas da categoria. E a luta continua ...

Aposentados, sim! Inativos, nunca! Educadores, sempre!



Só a luta transforma a vida!

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Conversando com versos (59): “Nós, latino-americanos”, de Ferreira Gullar (1930)

 

"Nós, latino-americanos"

Somos todos irmãos
mas não porque tenhamos
a mesma mãe e o mesmo pai:
temos é o mesmo parceiro
que nos trai.

Somos todos irmãos
não porque dividamos
o mesmo teto e a mesma mesa:
divisamos a mesma espada
sobre nossa cabeça.

Somos todos irmãos
não porque tenhamos
o mesmo braço, o mesmo sobrenome:
temos um mesmo trajeto
de sanha e fome.

Somos todos irmãos
não porque seja o mesmo sangue
que no corpo levamos:
o que é o mesmo é o modo
como o derramamos.


Fonte: Ferreira Gullar. Barulhos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987, p.50.



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terça-feira, 29 de abril de 2014

Projeto Sepe vai à escola (32): CIEP Municipalizado Mestre Marçal e E.M. Maria Teixeira, em Rio das Ostras




No dia 28 de abril, segunda-feira, a direção do Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu esteve em visitas às escolas municipais, convocando a categoria para a assembleia de 30 de abril.



Na ocasião, os diretores reforçaram a convocação já feita pelos e-mails constantes do cadastro do sindicato para esta assembleia de pauta única: tratar da revisão do PCCV da Educação.


Mais uma vez, os sindicalistas ratificaram a posição do Sepe contrário ao viés meritocrático do atual Plano aprovado no governo anterior de forma autoritária.


Desta vez, por solicitação do Sepe e da categoria, foi constituída uma Comissão Paritária para rever o PCCV com vistas a superar os pontos que não valorizam, de direito de fato, os profissionais da educação e comprometem uma educação de qualidade.


Os trabalhos dessa Comissão estão em curso, já tendo sido prorrogado o seu prazo de conclusão para o próximo dia 6 de maio. Daí a necessidade desta assembleia para que a categoria, junto ao seu sindicato, venha dar encaminhamento a esta questão.


Só a luta transforma a vida!


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Plantão do Departamento Jurídico aconteceu na sede do Núcleo, em 25 de abril

 


Nesta sexta-feira, 25 de abril, aconteceu novo plantão do Departamento Jurídico com a presença do advogado do Sepe e de diretores do Núcleo. Como de praxe, da pauta constavam pontos demandados pelos profissionais da educação das diferentes redes.

Nessas ocasiões, o advogado costuma dar  atendimento jurídico, presencialmente, com agendamento prévio. São também tratadas questões encaminhadas por e-mail ou outros meios, como durante as visitas de diretores às escolas.

Para garantir a privacidade dessas consultas, o sindicato não divulga seus conteúdos e preserva o nome e a imagem dos profissionais. Quando um problema atinge o conjunto da categoria, dá-se tratamento adequado. Um dos casos mais comuns trata-se do assédio moral, que é analisado e verificado antes da decisão em favor de uma ação judicial.

Neste plantão, deu-se prioridade à analise das questões levantadas pela Comissão Paritária de revisão do PCCV da Educação, da qual o Sepe faz parte. Constatou-se um grande número de polêmicas que têm marcado o trabalho dessa Comissão, que precisam ser resolvidas.

O Sepe tem se colocado, em diversas ocasiões, contrariamente a qualquer PCCV que tenha viés meritocrático, como acontece no atual Plano de Rio das Ostras. E continuará não aceitando durante as discussões em curso.


Só a luta transforma a vida!

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A origem e o significado do 1º de Maio

Por Altamiro Borges

“Se acreditais que enforcando-nos podeis conter o movimento operário, esse movimento constante em que se agitam milhões de homens que vivem na miséria, os escravos do salário; se esperais salvar-vos e acreditais que o conseguireis, enforcai-nos! Então vos encontrarei sobre um vulcão, e daqui e de lá, e de baixo e ao lado, de todas as partes surgirá a revolução. É um fogo subterrâneo que mina tudo”. Augusto Spies, 31 anos, diretor do jornal Diário dos Trabalhadores. 
“Se tenho que ser enforcado por professar minhas idéias, por meu amor à liberdade, à igualdade e à fraternidade, então nada tenho a objetar. Se a morte é a pena correspondente à nossa ardente paixão pela redenção da espécie humana, então digo bem alto: minha vida está à disposição. Se acreditais que com esse bárbaro veredicto aniquilais nossas idéias, estais muito enganados, pois elas são imortais''. Adolf Fischer, 30 anos, jornalista. 

“Em que consiste meu crime? Em ter trabalhado para a implantação de um sistema social no qual seja impossível o fato de que enquanto uns, os donos das máquinas, amontoam milhões, outros caem na degradação e na miséria. Assim como a água e o ar são para todos, também a terra e as invenções dos homens de ciência devem ser utilizadas em benefício de todos. Vossas leis se opõem às leis da natureza e utilizando-as roubais às massas o direito à vida, à liberdade e ao bem-estar”. George Engel, 50 anos, tipógrafo.

“Acreditais que quando nossos cadáveres tenham sido jogados na fossa tudo terá se acabado? Acreditais que a guerra social se acabará estrangulando-nos barbaramente. Pois estais muito enganados. Sobre o vosso veredicto cairá o do povo americano e do povo de todo o mundo, para demonstrar vossa injustiça e as injustiças sociais que nos levam ao cadafalso”. Albert Parsons lutou na guerra da secessão nos EUA.

As corajosas e veementes palavras destes quatro líderes do jovem movimento operário dos EUA foram proferidas em 20 de agosto de 1886, pouco após ouvirem a sentença do juiz condenando-os à morte. Elas estão na origem ao 1º de Maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores. Na atual fase da luta de classes, em que muitos aderiram à ordem burguesa e perderam a perspectiva do socialismo, vale registrar este marco histórico e reverenciar a postura classista destes heróis do proletariado. A sua saga serve de referência aos que lutam pela superação da barbárie capitalista. 

A origem do 1º de Maio está vinculada à luta pela redução da jornada de trabalho, bandeira que mantém sua atualidade estratégica. Em meados do século XIX, a jornada média nos EUA era de 15 horas diárias. Contra este abuso, a classe operária, que se robustecia com o acelerado avanço do capitalismo no país, passou a liderar vários protestos. Em 1827, os carpinteiros da Filadélfia realizaram a primeira greve com esta bandeira. Em 1832, ocorre um forte movimento em Boston que serviu de alerta à burguesia. Já em 1840, o governo aprova o primeiro projeto de redução da jornada para os funcionários públicos. 

Greve geral pela redução da jornada 
Esta vitória parcial impulsionou ainda mais esta luta. A partir de 1850, surgem as vibrantes Ligas das Oito Horas, comandando a campanha em todo o país e obtendo outras conquistas localizadas. Em 1884, a Federação dos Grêmios e Uniões Organizadas dos EUA e Canadá, futura Federação Americana do Trabalho (AFL), convoca uma greve nacional para exigir a redução para todos os assalariados, “sem distinção de sexo, ofício ou idade”'. A data escolhida foi 1º de Maio de 1886 - maio era o mês da maioria das renovações dos contratos coletivos de trabalho nos EUA. 

A greve geral superou as expectativas, confirmando que esta bandeira já havia sido incorporada pelo proletariado. Segundo relato de Camilo Taufic, no livro “'Crônica do 1º de Maio”, mais de 5 mil fábricas foram paralisadas e cerca de 340 mil operários saíram às ruas para exigir a redução. Muitas empresas, sentindo a força do movimento, cederam: 125 mil assalariados obtiveram este direito no mesmo dia 1º de Maio; no mês seguinte, outros 200 mil foram beneficiados; e antes do final do ano, cerca de 1 milhão de trabalhadores já gozavam do direito às oito horas. 

“Chumbo contra os grevistas”, prega a imprensa 
Mas a batalha não foi fácil. Em muitas locais, a burguesia formou milícias armadas, compostas por marginais e ex-presidiários. O bando dos “'Irmãos Pinkerton” ficou famoso pelos métodos truculentos utilizados contra os grevistas. O governo federal acionou o Exército para reprimir os operários. Já a imprensa burguesa atiçou o confronto. Num editorial, o jornal Chicago Tribune esbravejou: “O chumbo é a melhor alimentação para os grevistas. A prisão e o trabalho forçado são a única solução possível para a questão social. É de se esperar que o seu uso se estenda”. 

A polarização social atingiu seu ápice em Chicago, um dos pólos industriais mais dinâmicos do nascente capitalismo nos EUA. A greve, iniciada em 1º de Maio, conseguiu a adesão da quase totalidade das fábricas. Diante da intransigência patronal, ela prosseguiu nos dias seguintes. Em 4 de maio, durante um protesto dos grevistas na Praça Haymarket, uma bomba explodiu e matou um policial. O conflito explodiu. No total, 38 operários foram mortos e 115 ficaram feridos. 

Os oito mártires de Chicago 
Apesar da origem da bomba nunca ter sido esclarecida, o governo decretou estado de sítio em Chicago, fixando toque de recolher e ocupando militarmente os bairros operários; os sindicatos foram fechados e mais de 300 líderes grevistas foram presos e torturados nos interrogatórios. Como desdobramento desta onda de terror, oito líderes do movimento - o jornalista Auguste Spies, do “'Diário dos Trabalhadores”', e os sindicalistas Adolf Fisher, George Engel, Albert Parsons, Louis Lingg, Samuel Fielden, Michael Schwab e Oscar Neebe - foram detidos e levados a julgamento. Eles entrariam para a história como “Os Oito Mártires de Chicago”. 

O julgamento foi uma das maiores farsas judiciais da história dos EUA. O seu único objetivo foi condenar o movimento grevista e as lideranças anarquistas, que dirigiram o protesto. Nada se comprovou sobre os responsáveis pela bomba ou pela morte do policial. O juiz Joseph Gary, nomeado para conduzir o Tribunal Especial, fez questão de explicitar sua tese de que a bomba fazia parte de um complô mundial contra os EUA. Iniciado em 17 de maio, o tribunal teve os 12 jurados selecionados a dedo entre os 981 candidatos; as testemunhas foram criteriosamente escolhidas. Três líderes grevistas foram comprados pelo governo, conforme comprovou posteriormente a irmã de um deles (Waller). 

A maior farsa judicial dos EUA
Em 20 de agosto, com o tribunal lotado, foi lido o veredicto: Spies, Fisher, Engel, Parsons, Lingg, Fielden e Schwab foram condenados à morte; Neebe pegou 15 anos de prisão. Pouco depois, em função da onda de protestos, Lingg, Fielden e Schwab tiveram suas penas reduzidas para prisão perpétua. Em 11 de novembro de 1887, na cadeia de Chicago, Spies, Fisher, Engel e Parsons foram enforcados. Um dia antes, Lingg morreu na cela em circunstâncias misteriosas; a polícia alegou “suicídio”. No mesmo dia, os cinco “'Mártires de Chicago” foram enterrados num cortejo que reuniu mais de 25 mil operários. Durante várias semanas, as casas proletárias da região exibiram flores vermelhas em sinal de luto e protesto. 

Seis anos depois, o próprio governador de Illinois, John Altgeld, mandou reabrir o processo. O novo juiz concluiu que os enforcados não tinham cometido qualquer crime, “tinham sido vitimas inocentes de um erro judicial”. Fielden, Schwab e Neebe foram imediatamente soltos. A morte destes líderes operários não tinha sido em vão. Em 1º de Maio de 1890, o Congresso dos EUA regulamentou a jornada de oito horas diárias. Em homenagem aos seus heróis, em dezembro do mesmo ano, a AFL transformou o 1º de Maio em dia nacional de luta. Posteriormente, a central sindical, totalmente corrompida e apelegada, apagaria a data do seu calendário.

Em 1891, a Segunda Internacional dos Trabalhadores, que havia sido fundada dois anos antes e reunia organizações operárias e socialistas do mundo todo, decidiu em seu congresso de Bruxelas que “no dia 1º de Maio haverá demonstração única para os trabalhadores de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e de reivindicação das oito horas de trabalho”. A partir do congresso, que teve a presença de 367 delegados de mais de 20 países, o Dia Internacional dos Trabalhadores passou a ser a principal referência no calendário de todos os que lutam contra a exploração capitalista.




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A narrativa de García Márquez: o poder da palavra escrita ou simplesmente dita...

Por Ana Lúcia Trevisan*

A prosa de García Márquez, que incorpora tanto a tradição ficcional européia como as tradições da oralidade e das lendas do interior da Colômbia, nos instiga a desvendar um cosmos narrativo em que temas e personagens se desdobram. Em seu primeiro romance, _La hojarasca_, de 1955, a cidade imaginária de Macondo surge pela primeira vez congregando uma trama cujo foco narrativo está pulverizado nas memórias e opiniões de três personagens durante um funeral. Esse romance, ainda sem tocar os contrastes mais definidores do estilo do autor, torna-se seminal, uma vez que aponta para um aspecto recorrente: a relevância do microcosmos espacial como uma dimensão simbólica.

Partindo dessa primeira Macondo, inevitavelmente chegamos ao romance Cem anos de solidão _(1967)_ _e, antes de qualquer reflexão, vale a ressalva de que esse texto parece renovar-se ao longo dos anos com uma vitalidade que despertaria a dúvida quanto à existência de uma fonte da juventude escondida e não mencionada na casa de Úrsula Buendia. A força narrativa de García Márquez se esconde e se revela em um binômio indissociável, próprio da verdadeira literatura quando esta agrega uma boa história a uma forma diferenciada de narrar. _Cem anos de solidão _alcança esse binômio com a perfeição expressa no tempo predestinado à saga familiar dos Buendia e à leitura dos misteriosos pergaminhos intraduzíveis. Esses manuscritos passam de mãos em mãos ao longo do romance, são textos em busca de quem queira e possa decifrá-los, entretanto, somente nas últimas páginas do romance o sentido desses escritos será revelado. Lemos o fim do romance ao mesmo tempo em que conhecemos o fim de Macondo, lemos com os olhos duplicados na figura do narratário. Uma vez que somos leitores do texto que Aureliano Babilônia está decifrando, percebemos que o tempo da nossa leitura poderia também inscrever-se no tempo mítico e circular que ordenou a vida em Macondo.

Será permitido habitar Macondo pelo tempo determinado na velocidade da nossa própria leitura e, assim, conviver com Aurelianos e Josés Arcadios, sofrer com os amores e os ciúmes de Rebeca ou Amaranta, deleitar-nos com a praticidade estarrecedora da matriarca Úrsula Buendia e da objetividade visionária do alquimista e patriarca José Arcádio Buendia. Com assombro observamos a aparição do gelo, do imã ou da fotografia e, por outro lado, desprovidos de total espanto vemos ascender aos céus, Remédios, a bela - já convencidos pela lógica da causalidade interna do romance que tal corpo ofuscante deveria, verdadeiramente, retornar a sua condição celestial.

As referências históricas aos descobrimentos, às colonizações ou mesmo aos movimentos de independências, que se rearticulam no interior da cidade de Macondo, juntamente com as peripécias da estirpe dos Buendia, têm ocupado estudos literários há 40 anos. No entanto, se pensarmos em uma primeira e sempre irrepetível leitura do romance, vale ressaltar que cada vez que essa pequena cidade imaginária se constrói e se destrói diante dos olhares de seus personagens e de seu leitor derradeiro, cada vez que esse romance escrito e circunscrito na esfera da leitura e da escritura se instaura, entendemos que estamos diante de um deslumbramento, como leitores nos tornamos completamente solidários no maravilhoso e traremos na lembrança, por muito tempo, a imagem da primeira vez que nos foi mostrado o gelo pelo olhar de Aureliano Buendia.

A narrativa ficcional de García Márquez parece retornar sempre a mesma questão: o poder da palavra seja ela escrita ou simplesmente dita. Os falares literários e populares compõem os desdobramentos da ficção e sugerem uma leitura que caminha em uma espiral de referências. Ora as cidades tornam-se palavras e podem ser lidas até que se consumam, ora a narrativa histórica é palavra e pode reinventar criticamente o passado. E, tantas vezes, o amor faz-se verbo, começando e terminando no desejo de possuir as palavras, do outro, de nós mesmos.

*[Ana Lúcia Trevisan é doutora em Letras, professora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie]




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