O engenheiro eletrônico e físico Carlos Henrique de
Brito Cruz, professor titular do Instituto de Física Gleb Wataghin da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretor científico da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é um estudioso das políticas
públicas de ciência e tecnologia. Nesta entrevista exclusiva para o Jornal da
Ciência, ele analisa os avanços e desafios da ciência feita no Brasil nos
últimos anos. Para Brito Cruz, ex-reitor da Unicamp, a ciência tem crescido no
país e vive hoje “uma situação um pouco mais confortável, do ponto de vista do
financiamento, do que viveu nos anos 1980”. Mas ele também aponta gargalos.
“Atualmente, eu tenho a impressão que está faltando incluir na agenda da
política para ciência no Brasil a questão da busca de maior impacto da ciência
que é feita aqui”, diz. Na entrevista a seguir, ele detalha essas questões e
vai além, abordando, entre outros assuntos, o programa Ciência sem Fronteiras e
o papel dos estados no financiamento e incentivo às pesquisas.
Como está
hoje a ciência brasileira em relação aos últimos anos? Quais são os gargalos,
os avanços?
A ciência no Brasil tem crescido e eu acho que vive
atualmente uma situação, ou vivia até uns dois anos, um pouco mais confortável,
do ponto de vista do financiamento, do que viveu nos anos 1980. O número de
artigos científicos com autores do Brasil vem crescendo, embora a uma taxa
menor nos últimos três anos. O número de cientistas no país também cresceu
nesse período, mas ainda precisa crescer mais, na academia e nas empresas. De
modo que, com a consolidação dos fundos setoriais e dos recursos que eles
proporcionam para o financiamento da pesquisas, nós poderíamos pensar agora em
alguns outros desafios. Mas aí algumas coisas andaram para trás, quando se
derrubou no Congresso o fundo setorial do petróleo, que corresponde a metade
dos fundos setoriais e, na sequência, o Ministério da Educação acabou
conseguindo a eliminação da dedicação de parte, mesmo que menor, dos recursos
para a pesquisa. Não se sabe como terminará esse debate. Depois, os cortes de
orçamento de 2011/2012 também afetaram o sistema, especialmente o acadêmico.
Atualmente, eu tenho a impressão que está faltando – o que eu tenho defendido,
inclusive fiz isso na reunião do CONFAP na Fapesp há dois meses e na 65ª
Reunião Anual da SBPC na semana passada – incluir na agenda da política para
ciência no Brasil a questão da busca de maior impacto da ciência que é feita
aqui. Com a evolução que houve nos últimos 20 anos, nós precisamos incluir na
agenda do desenvolvimento científico outras coisas, além da questão do
financiamento. Uma delas é a busca de mais impacto da ciência.
Quais são esses
impactos e como buscar isso?
Acho que um país ao usar os recursos do
contribuinte para apoiar a ciência deve buscar três coisas: uma é ter/produzir
um impacto intelectual no mundo da ciência. Ou seja, criar ideias que geram
outras ideias no mundo da ciência. Fazer descobertas científicas novas. A ideia
em si e não pelas consequências dessa ideia. Por exemplo, pode ser um impacto
como o que se deu quando descobriram as ruínas da civilização andina no Peru,
em Machu Pichu. Houve um impacto intelectual, por sabermos como foi o
desenvolvimento dessa civilização na América. Outro exemplo é a descoberta da
expansão do universo. Então, nós gostaríamos de ter ideias como essas sendo
criadas por pesquisadores no Brasil. É o impacto intelectual da ideia em si. O
segundo, muito importante também, é o impacto social das ideias. São ideias que
trazem modificações positivas na sociedade. O programa BIOTA da Fapesp ilustra
isso: há várias leis e decretos sobre conservação ambiental em São Paulo
baseados em resultados desse programa. Temos que buscar sempre esse tipo de
impacto da ciência. O terceiro, também muito importante, é o impacto econômico,
ou seja, aquelas consequências que trazem desenvolvimento econômico, com a
criação de mais emprego, competitividade das empresas, entre outras.
Não existe
essa preocupação no Brasil com os impactos da ciência?
Eu acho que na agenda da política de ciência do
Brasil há pouca preocupação com isso. O debate sobre a política para ciência
ficou muito dominado por questões relevantes, mas que não são as únicas, como
financiamento. E, no lado dos resultados, há uma predominância da visão
quantitativista. Mais recentemente, intensificou-se uma espécie de
utilitarismo, considerando-se que a ciência só serve se ajudar a indústria. Inovação
é muito relevante, como também é relevante haver ideias seminais.
Ver íntegra
da entrevista em: http://www.sbpcnet.org.br/site/busca/mostra.php?id=1896
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