Por Ivo Lesbaupin
As manifestações das últimas semanas no Brasil, iniciadas pelo Movimento do Passe Livre (MPL) e pouco a pouco ampliadas para diferentes setores da população, a grande maioria jovens, provocaram uma reviravolta. Depois de colocar quase um milhão de pessoas em 60 cidades, chegou a dois milhões de pessoas em 400 cidades.
As manifestações das últimas semanas no Brasil, iniciadas pelo Movimento do Passe Livre (MPL) e pouco a pouco ampliadas para diferentes setores da população, a grande maioria jovens, provocaram uma reviravolta. Depois de colocar quase um milhão de pessoas em 60 cidades, chegou a dois milhões de pessoas em 400 cidades.
E finalmente o governo acordou.
O móvel inicial das mobilizações foi o aumento da
passagem, frente a um serviço de transportes insuficiente e de baixa qualidade.
O móvel seguinte, que de repente colocou milhares nas ruas e não mais somente
jovens, foi a repulsa à repressão policial, a exigência de respeito à
democracia, ao direito de livre expressão e manifestação.
Além destes motivos explícitos, inúmeras
reivindicações apareceram. As mais constantes foram, além de transporte, saúde
e educação, setores para os quais falta investimento, em contraste com os
gastos fabulosos com a Copa.
Mas por que, de uma hora para a outra, levantam-se
milhões em protesto no Brasil? A razão profunda, segundo vários analistas, está
na forma de fazer política que vem dominando o país. Para levar à frente o que
pretende, o governo se apoia na "governabilidade” –ou seja, maioria no
Congresso-, para poder aprovar as leis e medidas que ele considera necessárias.
Para isso, ampliou as alianças com outros partidos políticos, inclusive de
direita, a tal ponto que lideranças reconhecidamente corruptas e/ou de direita,
antes impensáveis, passaram a fazer parte da base aliada: primeiro Sarney,
depois Renan Calheiros, depois Collor, depois Maluf...
Os partidos, mesmo os tradicionais de esquerda,
passaram a se confundir com os partidos conservadores na sua forma de agir,
fisiológica. "Comprar votos”, fazer barganhas para conseguir mais, aceitar
formas pouco éticas de fazer política, como o "caixa 2”, se tornaram
práticas usuais. Os próprios programas partidários passaram a se parecer cada
vez mais. A privatização, por exemplo, que distinguia radicalmente o PT do
PSDB, passou a ser praticada abertamente pelo governo de coalizão do PT.
Tudo passou a ser válido para manter o poder ou
para ganhar novas eleições. As chantagens passaram a ser aceitas como um jogo a
ser jogado, para não perder ou para ganhar votos de algum setor social. Desta
forma, a bancada ruralista começou a obter vitórias sucessivas. Primeiro foi o
"Código Florestal”, depois a pressão contra os direitos dos povos
indígenas – no meio da qual vem o novo "Código da Mineração”. Desta forma,
a bancada religiosa fundamentalista passou a ganhar espaço e os direitos sexuais
e reprodutivos e os direitos dos homossexuais passaram a perder terreno, ao
ponto de, na divisão de cargos na Câmara, o governo ter entregue a Comissão de
Direitos Humanos a um deputado explicitamente contrário a estes direitos.
Tudo isso foi possível em nome da
"governabilidade”, as alianças sem critérios, as concessões, a mudança de
programa. Apoiado em pesquisas de opinião pública que lhe davam uma ampla e
crescente aprovação popular, o governo não cedia em nada aos diferentes grupos
e movimentos sociais que ousavam contestar suas políticas. Assim estava sendo
com os povos indígenas, assim estava sendo com os movimentos feministas e LGBT.
O governo seguia arrogantemente seu caminho, ignorando solenemente os poucos
que se levantavam contra alguma coisa. Suas vozes não eram ouvidas. A grande
maioria dos movimentos sociais, combativos na época de FHC, foram cooptados.
Por outro lado, se o governo não ouvia os poucos
que protestavam, os partidos políticos, pasteurizados e assemelhados, os
ignoravam totalmente. Nesta política de "governo de coalizão”, o governo
estava disposto a tudo, e os partidos só se interessavam pela relação
"toma lá-dá cá”, estabelecida pelo governo. Houve um total descolamento
entre a sociedade - os cidadãos -, e os seus representantes, tanto executivos
como legislativos. Embora num contexto diferente, ocorreu aqui a mesma reação
dos "indignados” da Espanha contra os partidos políticos, contra o governo
e, mais que isso, contra o sistema político: "vocês não nos representam”.
Em um determinado momento, a insatisfação entrou em
erupção, deu-se uma explosão e as massas foram para as ruas. Primeiro com
reivindicações bem precisas, depois com outras mais amplas e depois com as mais
variadas.
Ver texto na
íntegra em http://www.adital.com.br/?n=cln2
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