Rio de Janeiro – Mais rapidez nos trabalhos da Comissão Nacional da
Verdade foi pedida por ativistas políticos reunidos ontem (1º) na Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), durante a entrega da 25ª Medalha Chico Mendes de
Resistência. Este ano foram homenageadas várias personalidades que se
destacaram na defesa dos direitos humanos, incluindo pessoas que morreram. Elas
receberam a distinção in memoriam.
“A
Comissão da Verdade vai fazer um ano que foi instalada. O que foi feito até
agora? Nós não sabemos. A comissão precisa publicar os seus feitos. As pessoas
esperaram tanto dela e até agora não disse ao que veio. De trabalho concreto,
não vi nada”, declarou a coordenadora da organização Tortura Nunca Mais,
Victória Grabois, que presidiu a entrega das medalhas. Ela é filha de Maurício
Grabois, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), morto na
Guerrilha do Araguaia, em 1973. A Comissão da Verdade foi instalada em maio do
ano passado com a missão de apurar os fatos acontecidos durante a ditadura
militar instaurada em 1964.
Este
ano foram agraciados com a medalha 12 pessoas e entidades. Uma delas foi a
Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Acre, representada por sua coordenadora,
Darlene Braga, que denunciou as ameças de grileiros e madeireiros contra a
entidade. A CPT recentemente precisou interromper os trabalhos em sua sede, no
centro de Rio Branco. O local foi arrombado e depredado.
“O
que se vê no estado do Acre é a expropriação dos agricultores, a crescente
violência no campo e as madeireiras expulsando as comunidades tradicionais. A
grilagem na Amazônia é enorme e a gente vê todos os dias nossos companheiros
morrendo. Só que nenhum desses que cometeram esses atos foram punidos”, disse
Darlene.
Outro
homenageado foi o cineasta e documentarista Sílvio Tendler, que dirigiu mais de
30 filmes, entre longas e médias-metragem e séries para a televisão, com
destaque para os documentários Anos JK (1980) e Jango (1984). Ele ressaltou que
é preciso continuar contando a história brasileira, para que não se repitam
fatos como o golpe militar deflagrado no dia 1º de abril de 1964, que este ano
completou 49 anos.
“É
fundamental que o golpe esteja impregnado na cabeça das pessoas. O Brasil não
pode correr o risco de uma nova ditadura. É importante mostrar que houve um
golpe que sacrificou gerações inteiras. Quem nos deve são os que roubaram nossa
juventude. Quem sequestrou, estuprou, torturou. Esses têm uma dívida com a
sociedade brasileira. Hoje temos uma Comissão da Verdade apurando esses crimes.
Estamos um pouco atrasados em relação ao nossos [países] irmãos da América do
Sul, mas nunca é tarde para se fazer justiça”, disse Tendler.
Fonte:
Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
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