O empresariado da educação, que
insiste em "cavar" espaços em todos os governos para proliferar suas
teses falidas de qualidade total no ensino público, anda furioso com a reação
da comunidade educacional brasileira ao nome de Cláudia Costin para assumir a
Secretaria de Educação Básica do MEC. Em razão da pressão social, Costin
declinou do convite do ministro Aloizio Mercadante, fazendo sepultar assim a
expectativa do empresariado de ver seus kits alfabetizadores, e outros
conteúdos pasteurizados de ensino, espalhados por todo país. Eles davam como
certo os novos lucros, e isso tem causado reação violenta do segmento.
Em artigo publicado na Folha de São
Paulo no último dia 27/11, sob o título "Corporativismo, de novo, contra a
educação", o presidente do Instituto Alfa e Beto, Sr. João Batista Araújo
e Oliveira - ex-secretário executivo do MEC na gestão Paulo Renato Souza/FHC, e
muito amigo de Costin - atacou os sindicatos, as universidades públicas e quem
mais luta por uma educação pública de qualidade, que priorize a formação de
sujeitos históricos (conscientes e independentes) e não apenas a reprodução de
fazeres em benefício exclusivo do capital, de formarem oposição à educação do
país.
Mas é preciso esclarecer a que
educação o Sr. João Batista se reporta, uma vez que ele participou da
implantação do modelo neoliberal na educação brasileira, e ainda hoje sobrevive
da reserva de mercado criada à época para suprir a falta de investimento
público em diversas áreas educacionais.
Apesar de combalido em todo mundo - e
o povo brasileiro o tem rejeitado nas urnas, na última década - o
neoliberalismo, defendido pelo Instituto Alfa e Beto do Sr. João Batista, além
de restringir direitos sociais e de transferir riquezas públicas a
particulares, visa reproduzir nos sistemas escolares a ideologia dominante do
capital, através de uma pedagogia reducionista e adestradora.
Os testes de proficiência,
enaltecidos pelo Sr. João Batista e que são a principal ferramenta de trabalho
da Sra. Costin à frente da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro,
nada mais são que métodos controversos voltados à afirmação sociocultural de
uma política perversa de conteúdos mínimos - mitigadora do saber plural e da
democracia escolar, na medida em que reduz o debate pedagógico a sistemas de
apostilamento com foco em provas conteudístas e não na formação para a vida.
Do nosso ponto de vista, o objetivo
da educação é conduzir as pessoas à felicidade. Para aqueles que cumprem papel
de capacho do capital em troca de valiosas retribuições financeiras,
obviamente, é difícil entender, ou melhor, aceitar essa concepção educativa e
que hoje é reconhecida até por quem desenvolveu os testes estandardizados nos
EUA. Trata-se de compreensão que motiva estudantes chilenos a irem às ruas
protestar contra a mercantilização da educação em seu país, e que tem orientado
a maior parte da América do Sul, num futuro breve, a consolidar uma União
balizada em valores socioculturais fomentados por sistemas de ensino plurais,
democráticos e com outra perspectiva de avaliação - diagnóstica, reflexiva,
participativa, não punitiva, indutora do saber, à qual conta com total apoio da
CNTE.
Se for para ser taxada de corporativa
e contrária à massificação da ideologia mercantil na educação e contra os
testes que a sustenta, sem problemas. A CNTE até se orgulha dessa pecha! Mas é
preciso que todos mostrem a sua verdadeira cara e intenção nesse debate e que
discutam as teses de forma aberta, pois educação, apesar de ser direito
subjetivo e universal consagrado na Constituição, é um "bem público"
em constante disputa ideológica e por financiamento (público e privado).
Fonte:
Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
Sepe - Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
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