NOTA PÚBLICA DO SEPE RIO DAS OSTRAS
Repúdio pela excessiva demanda de trabalho imputada pela SEMED aos professores e professoras da rede municipal de rio das ostras.
Pela defesa da saúde mental dos profissionais de educação!
O SEPE Rio das Ostras repudia a excessiva demanda de trabalho imputada pela SEMED aos professores e professoras da rede municipal de Rio das Ostras. Os inúmeros relatos dos profissionais de educação ao SEPE indicam que a SEMED está sobre explorando a categoria com afazeres muito além da competência da função e da razoabilidade para executar a proposta do município de ensino não presencial. O volume de tarefas e cobranças é incompatível com o tempo determinado para planejamento de aula que os professores têm direito.
A constante cobrança por parte da SEMED de apostilas de caráter praticamente autoral pois precisam ter diferentes fontes e atender a uma série de regras e as frequentes mudanças nas orientações quanto à elaboração das mesmas é percebida pelos professores como um procedimento extremamente penoso e destoante das verdadeiras competências desses profissionais. Trata-se de um trabalho especializado pois envolve planejamento, pesquisa, escrita, formatação, designer, revisão ortográfica e de regras da ABNT. E, sendo na modalidade EAD, exige metodologias próprias, as quais os professores não aprenderem em suas licenciaturas, uma vez que as mesmas foram focadas no ensino presencial. Muitos professores sequer podem para indicar algumas imagens, leituras complementares e exercícios do livro didático, o que facilitaria, porque nem todos os alunos receberam o livro para estudar em casa. Nem todas as escolas recebem livros para todos os alunos, esse é um problema recorrente na rede.
A secretaria se beneficia do momento de flexibilidade jurídica, devido ao estado de emergência causado pela pandemia, para imputar funções excessivas aos trabalhadores da educação do município. Não foi criado nenhum canal de comunicação para os professores exporem sugestões sobre o home office.
A produção de um grande volume de material didático, de forma isolada pelo professor, com uma série de exigências técnicas e sem nenhuma outra forma de apoio material coloca os interesses da SEMED contrários à saúde dos professores da rede municipal e aos marcos de competência de função dos professores uma vez que os mesmos não são escritores, designers, revisores, não trabalham em uma editora de materiais didáticos. Os professores não receberam computador, auxílio para instalação de internet estável, nem cursos específicos para produção de material didático pautados em metodologias de EAD. Ainda tiveram cortes do auxílio transporte em seus vencimentos ao invés do mesmo ter sido transformado temporariamente em auxílio recursos tecnológicos, como a rede estadual adotou e o SEPE sugeriu em notas anteriores.
A recente plataforma de interação, evirtu@l, disponibilizada pela prefeitura visando mediar o processo de ensino à distância, coloca sobre os ombros dos professores mais uma demanda de trabalho extra, somados ao acompanhamento de grupos de whatsapp, reuniões online e e-mails, preenchimento planilhas/relatórios mensais comprovando o cumprimento da carga horária, que tomam horas consideráveis do dia a dia desses profissionais.
O acesso dos professores à plataforma não é um problema, inclusive, conforme relatos recebidos, a falta de transparência quanto à versão final das apostilas durante todos esses meses gerava insatisfação de muitos profissionais, que simplesmente não tinham acesso ao material publicado. Todavia, a interação pela plataforma será mais uma atribuição para os docentes.
O cansaço da categoria também é percebido pelas queixas em relação à permanência da cobrança de formação continuada em plena pandemia, momento no qual os profissionais estão sobrecarregados. Diversas tarefas que em conjunto tomam horas do dia a dia dos profissionais de educação, cabe considerar que os cuidados domésticos e da família também aumentaram neste período.
A LDB não obriga que o 1/3 do planejamento seja cumprido na rede, mas a SEMEDE exige duas horas semanais de reuniões pedagógicas e mais duas horas de formação continuada. A proposta de formação continuada é importante para a qualificação dos profissionais da educação, mas semanalmente sobrecarrega o profissional, que muitas das vezes faz cursos sem motivação naquele momento, apenas para cumprir as exigências.
Devemos lembrar que iniciamos o mês de agosto no município de Rio das Ostras com o expressivo número de 60 mortes de COVID-19 e a incerteza sobre quando teremos um recuo da taxa de casos de contágio. As recentes restrições sobre o comércio e outras atividades no munícipio, passando para a classificação de bandeira laranja, também é um importante sinal do difícil momento que estamos vivendo em relação a pandemia.
Estamos num contexto em que temos o medo da morte de si e de nossos entes próximos, com o ritmo de vida (biológico e social) alterado pelo necessário isolamento social e sentindo os efeitos de uma forte crise econômica - compartilhada por grande parte da classe trabalhadora.
Os efeitos psicológicos desenvolvidos pelo atual momento de incertezas são sentidos por grande parte da população e principalmente pelas categorias da área da educação. A cobrança desmedida por tarefas, que minam todo o tempo de isolamento social do profissional de educação, amplifica tais efeitos psicológicos, ainda mais se os professores atuarem em muitos anos de escolares ou em escolas diferentes. Alguns profissionais estão elaborando quatro apostilas, preenchendo planilhas de carga horária, acompanhando reuniões virtuais, e-mails e grupos de WhatsApp de diferentes escolas.
O SEPE CONSIDERA ABUSIVA A COBRANÇA EXCESSIVA DE TAREFAS PELA SEMED AO CORPO DE PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE RIO DAS OSTRAS! EXIGIMOS MEDIDAS IMEDIATAS DA SEMED JUNTO AO PLANEJAMENTO DE TAREFAS DO ENSINO NÃO PRESENCIAL!
O professor não deve ser cobrado além da entrega das apostilas e a participação nas reuniões pedagógicas, as demais exigências extrapolam a sua carga horária semanal e são abusivas diante do cenário atual.
NOSSOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DEVEM SER VALORIZADOS E NÃO PODEM TER A SAÚDE AMEAÇADA!
Rio das Ostras, 05 de Agosto de 2020.
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