Nesta escandalosa sonegação tributária por parte dos maiores bancos e grupos empresariais de grande prestígio, revelada pela Operação Zelotes, somando-se o que já vinha sendo destrinchado pela Lava-Jato contra a Petrobras, uma conclusão se impõe.
Corrupção de funcionários de todos os escalões do setor público não é ponto fora da linha na "ética" capitalista. É prática inerente ao regime; é mais um instrumento do "êxito empresarial", onde aumento de "produtividade", "redução de custos" e garantia de "lucros crescentes" são parâmetros a serem superados, por quaisquer que sejam os meios, na afirmação de empreendimentos “rentáveis”. É apenas um braço a mais no conjunto da obra, chegada à perfeição na predação especulativa do chamado “livre mercado”.
Ou seja; pela própria essência do regime, capitalista honesto, ou minimamente generoso na exploração da mais-valia, é capitalista derrotado, morto, na disputa da "competitividade".
Ponto fora da linha, isto sim, é a série de investigações dos órgãos do Estado, na medida em que este existe exatamente para defender, a partir de legislação elaborada por um dos seus poderes (hoje, aliás, conduzidos no Brasil por dois cidadãos eivados de graves suspeitas), os interesses e privilégios da classe dominante.
Mas está aí mais uma prova da atualidade das concepções de Gramsci, na sequência das conclusões de Marx, quanto à necessidade de os partidos revolucionários compreenderem que o caminho da construção do socialismo se inicia nos limites históricos do próprio capitalismo.
É na competente disputa de suas contradições, através da construção de alianças amplas e eficazes, e mesmo nos limites das instituições republicanas, que a vitória popular pode se concretizar.
Vai depender, é claro, da rapidez com que sujeitos transformadores sejam capazes de, pelo controle do subjetivo, assumirem a responsabilidade de darem consequência às condições objetivas que se apresentarem, sem deixar o cavalo da história se afastar por incompetência ou falta de coragem.
Rapidez que se impõe até para que a autodestrutividade inerente ao regime não se sobreponha, inclusive, à própria barbárie que ele inevitavelmente produzirá.
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