quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Homenagem a Gaudêncio Frigotto, um intelectual militante




No último dia 6 de fevereiro, Rio das Ostras recebeu o Professor e Doutor Gaudêncio Frigotto convidado pela municipalidade para proferir palestra sobre o tema: “Rumos na sociedade brasileira: Qual a educação e para qual futuro?”, na abertura do ano letivo de 2013.



No ensejo dessa visita, o Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu presta merecida e justa homenagem a esse gaúcho e “filho de colonos de origem italiana”, como gosta sempre  de lembrar e de ser lembrado. Frigotto é, hoje, um reconhecido filósofo e educador brasileiro, que não limita seu conhecimento e sua militância aos muros das universidades.



Ao contrário, trata-se de um dos maiores intelectuais engajados do Brasil contemporâneo, cuja trajetória é marcada pelo compartilhamento do seu saber e experiência junto aos profissionais da educação, no chão da escola – como aconteceu agora.



A direção do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu reforça esse reconhecimento nacional e internacional a respeito desse intelectual – educador, pesquisador e escritor – sempre ligado nas lutas pela educação brasileira, em geral, e pela “educação unitária”, em particular.



Sua parceria com o Sepe/RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro) vem de longa data. Através de Congressos, Conferências e Seminários, como o Seminário realizado em junho de 2002 na Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá, no bairro de Marechal Hermes, Rio de Janeiro, organizado pela Regional 2, subsede do Sepe em Madureira. Na região, existem ainda registros de sua presença militante já nos idos dos anos 1980.

Gaudêncio Frigotto com diretores, ex-diretores e professores
no Seminário da E.T.E. Visconde de Mauá.

Mas, a contribuição do professor Frigotto junto aos movimentos sociais e sindicais não se limita às palestras. Lembramos sua prestigiosa participação nas diversas versões do Curso de Pós-Graduação, lato sensu, “Educação Brasileira e Movimentos Sindicais”, resultado da parceria entre o Sepe e a UFF (Universidade Federal Fluminense), cuja primeira turma começou em março de 1992.



Outra exemplar contribuição de Gaudêncio Frigotto a ser lembrada está no seu artigo para a Revista de Educação do Sepe, edição especial, de 2000, comemorativa dos 500 anos do nosso “descobrimento”, intitulado: “Educação e Formação Técnico-Profissional frente à Globalização Excludente e o Desemprego Estrutural”.



Naquele texto, Frigotto já nos alertava para questões que, de certa forma foram reavivadas na presente  palestra ministrada para centenas de professores, aqui, em Rio das Ostras. Para ilustrar, citamos alguns trechos mais significativos.

“Como os projetos educativos democráticos, centrados na concepção de educação unitária, tecnológica ou politécnica e de uma formação humana mais integral, que se situam na contra-hegemonia ao projeto neoliberal, podem articular-se na busca de novas relações sociais de cunho solidário e socialista e na construção de uma nova cultura e um novo sentido para o trabalho humano?” (...)

“O ideário da globalização, em sua aparente neutralidade, cumpre um papel ideológico de encobrir os processos de dominação e as relações imperialistas do capital e a extraordinária ampliação do desemprego estrutural, trabalho precário e aumento da exclusão social.” (...)

“É tarefa permanente, pois, nos diferentes espaços da escola, sindicatos e movimentos sociais, evidenciar que é falso e é uma ilusão atribuir-se à educação básica, formação técnico-profissional e aos processos de qualificação e requalificação, orientados pelo Banco Mundial e pelos institutos que formulam as políticas educacionais empresariais, um peso unilateral de inserção de nossa sociedade no processo de globalização e reestruturação produtiva como tábua de salvação para os que “correm risco de desemprego” ou para desempregados.” (...)

“O projeto de uma escola de formação humana técnico-profissional unitária e de qualidade – reivindicação de nosso tempo – somente pode efetivar-se pari passu com a organização de um sistema societário e industrial orgânico, moderno e original. Para efetivar este passo, o espaço da escola e dos múltiplos e diversos espaços educativos e formativos são trincheiras importantes, mas não suficientes. Há que se alçar à organização de forças capazes de nos encaminhar para a construção de uma sociedade de caráter democrático e socialista.” (...)



Por fim, registramos que, ao final da sua palestra, na quadra do C. M. América Abdalla, o professor Gaudêncio Frigotto fez luminar e reverente menção quanto à existência do Sepe e à presença da sua direção naquele momento e local com as seguintes palavras, aproximadamente: “O Sepe está presente e tem sido instrumento importante para as lutas da educação pública e dos profissionais da educação”.



Sinal de que o antigo e íntegro compromisso entre o intelectual militante e o sindicato da educação pública continua vivo e duradouro.



Obrigado, Professor Gaudêncio Frigotto.

Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu

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