sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Conversando com versos (92): "Almas desoladoramente frias", de Raul de Leoni (1895-1926)



"Almas desoladoramente frias"
Raul de Leoni

Almas desoladoramente frias
De uma aridez tristíssima de areia,
Nelas não vingam essas suaves poesias
Que a alma das cousas, ao passar, semeia...

Desesperadamente estéreis e sombrias
Onde passam (triste aura que as rodeia!)
Deixam uma atmosfera amarga, cheia
De desencantos e melancolias...

Nessa árida rudeza de rochedo,
Mesmo fazendo o bem, sua mão é pesada,
Sua própria virtude mete medo...

Como são tristes essas vidas sem amor,
Essas sombras que nunca amaram nada,
Essas almas que nunca deram flor...

Fonte: Leoni, Raul de. Luz Mediterrânea.9ª ed. São Paulo: Livraria Martins,1959, p.115

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