“Pensamento de amor”
Ó
pálida madona de meus sonhos,
Doce filha dos cerros de Engadi!...
Vem inspirar os cantos do poeta,
Rosa branca da lira de Davi!
Todo o amor que em meu peito repousava,
Como o orvalho das noites ao relento,
A teu seio elevou-se, como as névoas,
Que se perdem no azul do firmamento.
Aqui... Além... Mais longe, em toda a parte,
Meu pensamento segue o passo teu.
Tu és a minha luz, — sou tua sombra,
Eu sou teu lago, — se tu és meu céu.
Lá, no teatro, ao som das harmonias,
Vendo-te a fronte altiva e peregrina...
Eu apertava o seio murmurando
— "Oh! mata-me de amor, mulher divina!"
À tarde, quando chegas à janela,
A trança solta, onde suspira o vento,
Minha alma te contempla de joelhos...
A teus pés vai gemer meu pensamento.
Inda ontem, à noite, no piano
Os dedos teus corriam no teclado;
Que, às carícias destas mãos formosas,
Gemia e suspirava apaixonado.
Depois cantaste... E a ária suspirosa
Veio n’alma acender-me mais desejos;
Dir-se-ia que essas notas eram doces
Como sussurro de amorosos beijos.
Oh! diz'me, diz'me, que ainda posso um dia
De teus lábios beber o mel dos céus;
Que eu te direi, mulher dos meus amores:
— Amar-te ainda é melhor do que ser Deus!
Doce filha dos cerros de Engadi!...
Vem inspirar os cantos do poeta,
Rosa branca da lira de Davi!
Todo o amor que em meu peito repousava,
Como o orvalho das noites ao relento,
A teu seio elevou-se, como as névoas,
Que se perdem no azul do firmamento.
Aqui... Além... Mais longe, em toda a parte,
Meu pensamento segue o passo teu.
Tu és a minha luz, — sou tua sombra,
Eu sou teu lago, — se tu és meu céu.
Lá, no teatro, ao som das harmonias,
Vendo-te a fronte altiva e peregrina...
Eu apertava o seio murmurando
— "Oh! mata-me de amor, mulher divina!"
À tarde, quando chegas à janela,
A trança solta, onde suspira o vento,
Minha alma te contempla de joelhos...
A teus pés vai gemer meu pensamento.
Inda ontem, à noite, no piano
Os dedos teus corriam no teclado;
Que, às carícias destas mãos formosas,
Gemia e suspirava apaixonado.
Depois cantaste... E a ária suspirosa
Veio n’alma acender-me mais desejos;
Dir-se-ia que essas notas eram doces
Como sussurro de amorosos beijos.
Oh! diz'me, diz'me, que ainda posso um dia
De teus lábios beber o mel dos céus;
Que eu te direi, mulher dos meus amores:
— Amar-te ainda é melhor do que ser Deus!
Fonte: Alves, Castro. Poesias completas. Coleção Clássicos Brasileiros. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d, pp.363/364
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