O vento
reza um cantochão...
Meio-dia.
Um crepúsculo indeciso
Gira,
desde manhã, na paisagem funesta...
De
noite tempestuou
chuva
de neve e granizo...
Agora,
com calma e paz.Somente o vento
Continua
com seu oou...
Destacando-se
na brancura
os últimos
pinheiros da floresta,
ao
vendaval pesado e lasso,
como
que vão partir em debandada:
parece
cada qual, com a cabeça dobrada,
uma
interrogação arrojada no espaço.
O
vento rosna um fabordão...
Qual
um mármore plano de moimento,
silenciou
o caminho. É a sepultura,
profana,
sem unção,
onde,
com a última violeta,
jaz a
franca alegria do verão...
Há
ventania, mas
Há solidão
e paz.
Ninguém,
Os derradeiros pios
voaram
de manhãzinha; mas em breve
sepultaram-se
na neve
mudos
e frios.
Tudo
alvo...apenas a tristeza preta
e o
vento com seus roncos...
Ninguém.
̶ Alguém!
Olha,
junto dos troncos,
um reflexo
de baioneta.
Fonte: Dantas Motta. Mário de Andrade. Poesia. Coleção Nossos Clássicos (60). 2ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1969, pp.26/27
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