Por: Ivo Lesbaupin
A privatização do megacampo petrolífero de Libra
(área de pré-sal) é um divisor de águas. Todos os movimentos sociais do Brasil,
inclusive alguns muito próximos ao governo, se posicionaram contra. O governo
se manteve inflexível e, copiando o governo FHC nas grandes privatizações
(Vale, Telebrás), garantiu o leilão com segurança policial e tropas militares,
de um lado, e batalhões de advogados da Advocacia Geral da União para derrubar
liminares, de outro.
O governo deixou claro de que lado está.
Muitas das análises sobre os governos do PT
(Lula-Dilma) partem do pressuposto de que houve antes um governo de direita,
neoliberal, o de FHC, e que hoje temos um governo se não de esquerda, ao menos
de centro-esquerda, de coalizão.
Seria um governo em disputa, que ora tomaria
medidas mais voltadas para os setores populares ora voltadas para os setores
dominantes. Isto dependeria da maior ou menor pressão de cada um dos lados.
Este pressuposto leva a crer que este governo
mereça todo o nosso apoio para evitar a "volta da direita". Porque
esta volta traria políticas que não queremos ver novamente.
Os governos do PT indubitavelmente deram mais
atenção ao social que os governos anteriores, como o aumento real do
salário-mínimo e o programa Bolsa-Família, e reduziram fortemente o desemprego.
A política externa é mais independente e também solidária com os governos
progressistas de outros países da América Latina. E poderíamos citar uma lista
de avanços ocorridos nos últimos dez anos, avanços que devem ser mantidos e
devemos apoiar. Há setores do governo que têm uma preocupação centrada na
sociedade, nos trabalhadores, que se dedicam a uma maior democratização. Mas,
infelizmente, estes setores não mandam no governo. E, na hora da cobrança,
apoiam as grandes decisões (Belo Monte, Libra...).
Porém, se examinarmos mais de perto, o que nos
impressiona não são as diferenças com os governos anteriores, são as
semelhanças – cada vez maiores, à medida que o tempo passa. O governo FHC é
considerado uma "herança maldita”. Mas a política econômica que privilegia
o capital financeiro permanece de pé: os bancos tiveram mais lucros nos
governos do PT do que antes. E estes governos introduziram medidas que
favoreceram ainda mais os investidores financeiros ao isentá-los, em vários
casos, de imposto. Não foi feita nenhuma reforma estrutural nas estruturas
geradoras da desigualdade no país. No entanto, foram feitas reformas
estruturais para atender aos interesses do capital, como a reforma da
previdência do setor público, aprovada no primeiro ano do governo Lula.
Os recursos
do país: para quem vão prioritariamente?
Se queremos saber para quem o governo trabalha,
temos de examinar o orçamento realizado: para onde estão indo os recursos? Os
recursos do país são destinados fundamentalmente ao pagamento da dívida pública,
interna e externa, e de seus juros. A dívida externa chegou em dezembro de 2012
a 441 bilhões de dólares e a dívida interna a 2 trilhões e 823 bilhões de reais
(cf. Auditoria Cidadã da Dívida – www.auditoriacidada.org.br).
O orçamento realizado de 2012 mostra que 44% do nosso dinheiro foi usado para
os juros, amortização e rolagem da dívida, enquanto que apenas 5% para a saúde
e 3% para a educação. Em suma, o destino de quase metade do orçamento é a
pequena camada mais rica do país – que são aqueles que recebem os juros da
dívida -, além dos credores externos. Cada décimo de aumento dos juros pelo
Banco Central significa maiores ganhos para os que já são muito ricos.
Portanto: o primeiro setor cujos interesses são
atendidos é o capital financeiro (bancos e investidores financeiros)
Obras de
infraestrutura: para as empreiteiras
Mas, há um segundo setor que é também privilegiado
pelo governo: são as grandes empreiteiras – Odebrecht, OAS, Camargo Correia,
Andrade Gutierrez... Elas estão em todas as grandes obras de infraestrutura do
país, entre as quais as usinas hidrelétricas –Belo Monte é o exemplo mais
notório– e até na do Maracanã. Em 1993, durante a CPI do Orçamento, o senador
José Paulo Bisol havia denunciado a existência de um "governo paralelo” no
país: eram as grandes empreiteiras, que distribuíam entre si as licitações das
obras públicas. Denunciou, mas nada aconteceu... A maior parte destas obras são
financiadas pelo BNDES, com recursos públicos, portanto.
Estas empreiteiras são também, junto com os bancos,
as principais financiadoras das campanhas eleitorais. Este dado nos ajuda a
entender o empenho do governo na realização de certas políticas – os
megaprojetos, por exemplo, as privatizações, outro exemplo – e no impedimento
de controles sobre o capital – a não realização da auditoria da dívida, por
exemplo.
Portanto, o segundo setor cujos interesses são
atendidos é constituído pelas grandes empreiteiras.
O
agronegócio: o grande aliado do governo no campo
E há um terceiro setor que tem recebido muito apoio
do governo: o agronegócio. O governo ajuda a agricultura familiar, sem dúvida,
mas a proporção é de 90% para o agronegócio e 10% para a agricultura familiar.
Esta é a razão pela qual, em dez anos de governos do PT, a reforma agrária não
avançou: o principal aliado do governo no campo é o agronegócio, não os
movimentos sociais. E certas medidas que favorecem este setor acabam sendo
aprovadas no Congresso – o Código Florestal -, porque o governo não quer perder
este aliado.
Portanto, o terceiro setor cujos interesses são
atendidos é o agronegócio.
Ver texto na
íntegra em: http://www.adital.com.br/?n=cnyr
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