O Brasil é o segundo país que revela maior
desigualdade dentre os do G-20, estando na frente apenas da África do Sul. É o
que diz estudo da Oxfam, entidade internacional que atua no combate à pobreza e
à injustiça social.
No contexto de uma economia crescente, considerada
a sexta maior do mundo, persiste o quadro de desigualdades, em particular, a
racial: a população negra representa 70,8% dos extremamente pobres no Brasil.
De acordo com a professora doutora em Psicologia
Social pelo Instituto de Psicologia da USP, Maria Aparecida Bento,
diretora-executiva do Centro de Estudos das Relações de Trabalho (CEERT), essa
persistência está historicamente vinculada à existência de mecanismos de
reprodução do racismo, legado da escravidão no país.
Dos poucos mais de 500 anos de história do país,
quase 400 anos foram vividos sob a égide da escravidão negra, ou seja, durante
4/5 da história do país, trabalho era considerado 'coisa de preto'.
Um exemplo dessa desigualdade pode-se averiguar no
mercado de trabalho, na diferença de remuneração. Considerando a População
Economicamente Ativa (PEA) em 2013, a PEA branca possuía rendimento médio 74,2%
superior à PEA preta & parda, segundo o IBGE.
Cida Bento explica que a sobrerrepresentação da
população negra, especialmente das mulheres negras, nas ocupações informais,
segue também sendo uma realidade. Um dos levantamentos nacionais que
dimensionam a ocupação de cargos de direção por mulheres e negros é o Perfi l
Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afi
rmativas, publicado periodicamente pelo Instituto ETHOS e IBOPE, e realizado em
parceria com outras organizações. A pesquisa de 2010, última publicada e
disponível no site www.ethos.org.br, revela que no quadro executivo, a ocupação
evoluiu de 2,6% em 2001 para 5,3% em 2010. Na gerência, evoluiu de 8,8% para
13,2% de 2003 para 2010, e nos quadros de supervisão, no mesmo período, evoluiu
de 13,5% para 25,6%. Um crescimento extremamente lento para um período de quase
10 anos.
Ela destaca que, nos últimos anos, é observada a
redução da pobreza e da miséria como consequência da presença de programas sociais
do governo, com a melhora no padrão de vida da população em geral e a ampliação
das camadas sociais médias.
Esse processo, no entanto, acontece sem a
diminuição das desigualdades raciais, pois seriam necessárias políticas
específicas de ação afirmativas para negros para alterar um quadro de exclusão
e subaproveitamento de negros no mercado de trabalho.
Saiba mais no Jornal Mural do Dia da Consciência Negra 2013.
Fonte:
Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
Sepe - Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
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