terça-feira, 30 de setembro de 2014

Projeto Sepe vai à escola (38): E.M. Ondina Pinto Marcondes e E.M. Simar Machado Sodré, bairro Âncora, Rio das Ostras


No dia 29 de setembro, segunda-feira, representante do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu fez visitas a unidades escolares para continuar divulgando a campanha de eleição de representantes das escolas junto ao sindicato.





Na ocasião, foram distribuídos cartazes alusivos à campanha que apresentam as atribuições dos representantes de escolas: 1) Construir uma entidade cada vez mais representativa; 2) Fortalecer o sindicato e sua ligação com a categoria; e, 3) Garantir a presença do Sepe em cada local de trabalho dos profissionais de educação.



Foram também distribuídos prospectos apresentando um passo a passo informativo sobre como se dá a eleição dos representantes de escolas, à luz das orientações contidas no estatuto da entidade.




Conforme o texto da apresentação, os representantes são definidos como "delegados diretos da base eleitos nas escolas em que trabalham". Além de serem "formuladores, juntamente com os membros da diretoria, das políticas que orientam os rumos do movimento...". Mais informações podem ser obtidas na sede do sindicato.




Só a luta transforma a vida!




Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu

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Rio das Ostras realiza I Encontro do Fórum de Educação em 29 de setembro. Sepe presente.




Nesta segunda-feira, 29 de setembro, realizou-se na Câmara Municipal de Rio das Ostras reunião pública para apresentação do projeto de adequação do Plano Municipal de Educação (PNE) às metas previstas, nacionalmente, no Plano Nacional da Educação (PNE), recentemente aprovado em Brasília.



Compuseram  a mesa da solenidade, entre outros, o Prefeito Alcebíades Sabino e a Secretária de Educação Andréa Machado. Do plenário, participaram representantes do Legislativo, secretários municipais e  integrantes do Fórum Municipal de Educação, além de educadores, estudantes, representantes da sociedade civil organizada e população em geral.



Na ocasião, foram apresentadas as vinte metas, que nortearão o setor nos próximos dez anos. Entre essas metas, destacam-se: 1) Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio; 2) Assegurar condições, no prazo de 2 anos, para a efetivação da gestão democrática da educação; 3) Assegurar, no prazo de 2 anos, a existência de planos de Carreira para os profissionais da educação básica e superior pública; 4) Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas da educação básica; 5) Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do ensino fundamental etc.




Existem, portanto, permanentes desafios para a luta pela educação pública nos diferentes sistemas, federal, estaduais e municipais de ensino. Com destaque para a próxima Conferência Nacional de Educação (CONAE 2014) que discutirá e criará elementos para a formatação da lei que instituirá o Sistema Nacional de Educação (SNE).




Enquanto isso, em Rio das Ostras, como na maioria das demais redes, problemas urgentes precisam ser enfrentados e superados, a saber, resumidamente:

  • Reforma e construção de creches e escolas, para aumentar o número de vagas e acabar com a superlotação das salas e o uso de contêineres como salas de aula;
  • Concurso público e contratação imediata dos aprovados para completar o quadro dos profissionais de educação, diminuindo os contratos temporários e pondo fim às terceirizações;
  • Instituir a gestão democrática nas escolas com eleição direta dos diretores de escola, com participação da comunidade escolar, e com a formação de grêmios estudantis livres;
  • Aprovação de um Plano de Carreira unificado com valorização dos profissionais de educação pela via da formação e tempo de serviço, sem o viés da meritocracia neoliberal ainda em vigor;
  • Nenhuma disciplina com menos de 2 tempos por semana na matriz curricular e garantia de permanência e ampliação de carga horária em disciplinas como Filosofia e Sociologia;
  • Cumprimento, de direito e de fato, de 1/3 da carga horária semanal para atividades extraclasse na escola e fora da escola, conforme necessidade dos professores;
  • Formação continuada e remunerada em serviço para profissionais de educação; garantido licenças integrais ou parciais para formação em instituições reconhecidas;
  • Garantia da paridade com integralidade para aposentados e regulamentação da carga horária de 30 horas semanais para funcionários administrativos;
  • Por fim, e de não menos importância, reajustes salariais com data-base e índices de ganhos reais acima da inflação.


Estes itens compõem a pauta histórica dos profissionais de educação construída nos seus fóruns de discussão e deliberação. É uma luta de todos e de todas!





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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Sepe/RJ realiza Conselho Deliberativo Orçamentário em 27 de setembro. Núcleo presente.




Em 27 de setembro, sábado último, o Sepe/RJ realizou em sua sede o Conselho Deliberativo Orçamentário para demonstração dos procedimentos financeiros e contábeis da atual gestão.






Foram distribuídos pela Secretaria de Finanças documentos como: 1) Balancete sintético de 01/08/2012 a 31/12/2013; 2) Gráficos contendo as Receitas versus Despesas do período; 3) Relatório do número de filiados e repasses de Núcleos e Regionais; 4) Listagem contendo a situação de cada Núcleo e Regional quanto à prestação de contas; 5) Relatório dos gastos das greves de 2013 e 2014; 6) Previsão orçamentária para o próximo período; entre outros.










O Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu apresentou propostas para este Conselho Orçamentário aprovados em assembléia estatutária de 14 de agosto passado, a saber:

       1)  Atualizar e divulgar a nova versão do Estatuto do Sepe/ RJ.                                              2)  Organizar o cadastro de filiados ao Sepe/RJ junto à a uma campanha de filiação e refiliação.
       3)  Atualizar o repasse dos Núcleos de repasse mínimo, hoje de R$ 2.000,00, em 50%  com a    contrapartida de prestação de contas, isto é, balancetes em dia e relatório político de ações e    atividades. Dar prazo de 3 meses para os Núcleos se regularizarem.
       4) Reorganizar às Regionais com base em  200 escolas, conforme aprovado em Congresso.
       5) Organizar Núcleos do interior em municípios sem base orgânica e reorganizar Núcleos com abrangência de múltiplos municípios.
      6) Realizar  Balanço Contábil anual do Sepe Central para aprovação em Conselho Orçamentário conforme o Estatuto e sua divulgação via internet.
      7) Orientar e cobrar dos Núcleos e Regionais a realização de balancetes informatizados , conforme já apresentado pela tesouraria do Sepe/RJ, e sua divulgação pela internet.
      8) Atualizar a validação da documentação do sindicato junto aos órgãos oficiais para os convênios de desconto em folha dos filiados, entre outros fins.
      9) Com a decisão do último Congresso do Sepe/RJ em não se filiar a nenhuma Central Sindical, readequar o Art. 83 que define 4% para a construção de uma Central Sindical. (Considerando o Art. 86, que trata dos casos omissos a serem resolvidos pela Direção e referendados pelo Conselho Deliberativo.)
      10) Reorganização da Comunicação Sindical com melhoria da página na internet, cadastro de e-mails, Blog e reuniões “on-line”  etc.





As deliberações finais do Conselho Orçamentário deverão ser divulgados pelo Sepe/RJ 
(Sepe Central) e republicadas por este Núcleo, em breve.




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Discutir o aborto por amor à vida



Por Leonardo Boff

Custa-me crer que haja pessoas que defendam o aborto pelo aborto. Ele implica eliminar uma vida ou interferir num processo vital que culmina com a emergência da vida humana. Eu pessoalmente sou contra o aborto pois amo a vida em cada uma de suas fases e em todas as suas formas.

Mas esta afirmação não me torna cego para uma realidade macabra que não pode ser ignorada e que desafia o bom senso e os poderes públicos. Por ano fazem-se no Brasil cerca de 800 mil abortos clandestinos. A cada dois dias morre uma mulher vítima de um aborto clandestino mal assistido.

Essa realidade deve ser enfrentada não com a polícia mas com uma saúde pública responsável e com senso de realismo. Considero farisaica a atitude daqueles que de forma intransigente defendem a vida embrionária e não adotam a mesma atitude face às milhares de crianças nascidas e lançadas na miséria, sem comida e sem carinho, perambulando pelas ruas de nossas cidades. A vida deve ser amada em todas as suas formas e idades e não apenas em seu primeiro alvorecer no seio da mãe. Cabe ao Estado e à toda a sociedade criar as condições para que as mães não precisem abortar.

Eu mesmo assisti, nos degraus da catedral de Fortaleza, uma mãe famélica, pedindo esmola e amamentando o filho com o sangue de seu próprio seio. Era a figura do pelicano. Perplexo e tomado de compaixão a levei até a casa do Cardeal Dom Aloisio Lorscheider onde lhe demos toda a assistência possível.

Mesmo assim ocorrem abortos., sempre dolorosos e que afetam profundamente a psiqué da mãe. Narro o que escreveu um eminente psicanalista da escola junguiana de São Paulo, Léon Bonaventure, na introdução que fez a um livro desafiador e instigante e não livre de questionamento: Aborto: perda e renovação: um paradoxo na busca da identidade feminina (Paulus 2006) de Eva Pattis, uma psicanalista infantil de origem suiça, reconhecida em seu meio.

Conta Léon Bonaventure, com sutileza de um fino psicanalista para quem a espiritualidade constitui uma fonte de integração e de cura de feridas da alma.

Uma senhora procurou um sacerdote e lhe confessou que havia outrora praticado um aborto. Depois de ouvir sua confissão o sacerdote, com profundo senso humano lhe perguntou: “que nome havia dado ao seu filho”? A mulher, perplexa, ficou calada por longo tempo.

Então disse o sacerdote:”vamos dar-lhe um nome. E se a senhora concordar vamos também batizá-lo”.

A senhora anuíu com a cabeça. E simbolicamente assim o fizeram. Depois o sacerdote falou do mistério da vida humana. Disse: “há vidas que vem a esta Terra por 10, 50 e até 100 anos; outras jamais verão a luz do sol. No calendário litúrgico da Igreja há a festa dos Santos Inocentes, no dia 28 de dezembro, aqueles que Herodes mandou matar no momento em que a Divina Criança veio ao mundo. Que esse dia seja também o dia de aniversário de seu filho”.

“Na tradição cristã” continuou o sacerdote, “os filhos eram sempre vistos como um presente de Deus e uma benção para a vida. No passado nossos pais iam à Igreja oferecer seus filhos a Deus. Nunca é tarde para você também oferecer seu filho a Deus”.

O sacerdote terminou sua fala com as seguintes palavras consoladoras:”Como ser humano não posso julgá-la. Mas se você pecou contra a vida, o Deus da vida pode reconciliá-la com a vida e com Ele. Vá em paz e viva”.

O Papa Francisco sempre recomenda misericórdia, compreensão e ternura na relação dos sacerdotes para com os fiéis. Esse sacerdote viveu avant la lettre esses valores profundamente humanos e que pertencem à prática do Jesus histórico. Que eles possam inspirar a outros sacerdotes a terem a mesma humanidade.



Fonte:http://leonardoboff.wordpress.com/2014/09/27/discutir-o-aborto-por-amor-a-vida/


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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sepe tem nova audiência com representantes da Prefeitura de Rio das Ostras em 25 de setembro.


No dia 25 de setembro, quinta-feira, o Sepe teve nova audiência com representantes da Prefeitura de Rio das Ostras. Representaram o governo o Chefe de gabinete do Prefeito, Sr Aldem Vieira, e o secretário de Administração, Sr Peker da Mata. Pelo sindicato, estavam presentes os diretores Rosilene Macedo e Rosaldo Peixoto.



Da pauta, constaram pontos emergenciais como: 1) Reajuste salarial com ganho real; 2) Revisão do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV) da Educação; 3) Concurso Público para professores e funcionários; 4) Eleições diretas para a direção de escolas; e 5) Desconto em folha dos profissionais da educação filiados ao sindicato, entre outros.



Como é do conhecimento geral, em outubro costuma ocorrer a data-base dos servidores municipais, incluindo os profissionais da educação – professores e funcionários administrativos. O Sepe reivindica, historicamente, plano unificado com reajustes anuais para o conjunto da categoria, que inclui ainda os aposentados para garantir a paridade com integralidade dos vencimentos. Os representantes sindicais cobraram dos governantes um reajuste salarial com índice de ganho real.



Outro ponto com destaque nessa reunião, foi a solicitação de esclarecimentos sobre o processo aberto pelo Sepe, em 2013, para desconto em folha dos profissionais filiados do sindicato. Trata-se de uma antiga reivindicação da categoria que cobra a regularização de sua relação formal com a sua entidade de classe para, inclusive, garantir seus direitos estatutários de votar e serem votados para as instâncias de direção sindical.



Esses e outros pontos ficaram de ser estudados por ambas as partes, para futuras reuniões, inclusive com o Prefeito de Rio das Ostras a quem já foi solicitada audiência por ofício com uma pauta
igualmente emergencial.



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Estado laico e estado confessional

Por Frei Betto

Perguntei a Fidel Castro, em 1980, quando o conheci em Manágua, por que o Estado cubano era confessional. Ele levou um susto. "Como confessional? Somos ateus!”

Reagi: "Professar ou negar a existência de Deus é confessionalidade, Comandante. A modernidade exige partidos e Estados laicos.” Ele afinal concordou.

Pouco depois, o Estatuto do Partido Comunista de Cuba e a Constituição do país foram modificados para imprimir caráter laico às duas instituições.

Laico ou leigo é aquele que não atua condicionado por orientação religiosa. Estado confessional é o que adota oficialmente uma determinada crença, como o Estado do Vaticano e a Costa Rica, católicos; o Estado de Israel, adepto do judaísmo; e vários outros do mundo árabe, que professam o islamismo. Também os países comunistas, com seus Estados oficialmente ateus, eram confessionais.
A modernidade introduziu o Estado laico, que não abraça uma religião específica e representa todos os cidadãos, sejam eles desta ou daquela profissão de fé - crentes, ateus ou agnósticos.

Há hoje, contudo, segmentos religiosos interessados em impor suas convicções doutrinárias a todo o conjunto da sociedade. E só há dois modos de fazê-lo: converter todos os cidadãos a uma crença religiosa (o que é impossível) ou pela via do poder político. Criam-se bancadas religiosas nos parlamentos para, uma vez empossados deputados e senadores, aprovarem leis que obriguem todos os cidadãos a agirem segundo determinados preceitos religiosos.

Exemplos de medidas consideradas válidas para quem segue determinado preceito religioso, mas abusivas quando impostas ao conjunto da sociedade são: não ingerir bebidas alcoólicas; autorizar terapeutas a tentar reverter a homossexualidade; proibir nas escolas o ensino do evolucionismo (os símios são os nossos antepassados) e propagar o criacionismo (Deus criou o mundo tal como descrito na Bíblia: descendemos todos de um casal - Adão e Eva).

Em uma sociedade democrática o direito à manifestação religiosa e instituições laicas devem conviver em harmonia, sem que um queira se intrometer no outro.
Confessionalizar o Estado é atiçar as chamas do preconceito, da discriminação e do fundamentalismo. A liberdade religiosa deve ser assegurada, todo preconceito combatido, toda discriminação punida e todo fundamentalismo desmoralizado.

Nem Deus pretendeu impor a todos os seus filhos e filhas a fé na existência dele.



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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Socialismo e capitalismo reais


Por Wladimir Pomar


Não deixa de ser interessante como alguns teóricos inteligentes do capitalismo apresentam o socialismo e os problemas do próprio capital. Delfim Netto é um deles. Em artigo no Valor Econômico de 16/09 ele explica que “um dos grandes mitos até pouco tempo” era que o socialismo seria “a forma mais adequada de organizar a sociedade" e de produzir “a felicidade geral”.

Ele constata que, vivendo “num mundo cruel, sujeito às leis da escassez”, e num “quadro de desigualdades exageradas”, “a juventude reage indignada”, acreditando que tudo decorre do "miserável capitalismo". E aceitaria “sem crítica” o mundo do "maravilhoso socialismo". Compararia “o miserável capitalismo real com o perfeito socialismo ideal”, sem se preocupar em “saber se o programa que o socialismo ideal promete sem custo (liberdade, igualdade, justiça e felicidade) foi alguma vez, na história, capaz de produzir uma sociedade civilizada”.


É evidente que Delfim Netto não se preocupou com o fato de o “socialismo ideal” só existir na mente dos que acreditam que o socialismo seria “a forma mais adequada de organizar a sociedade" e de produzir “a felicidade geral”. Nem parece saber que o socialismo real é aquele que decorre das contradições do capitalismo real. São essas contradições que levam a juventude e os trabalhadores a buscarem mudanças. Mudanças no “mundo cruel” das “leis da escassez” (em geral, escassez para a maioria e bonança para a minoria proprietária), e das “desigualdades exageradas”.

Nessas condições, o socialismo real só pode ser uma forma transitória de organização da sociedade. Não tem condições de produzir “felicidade geral”, porque a crueldade, a escassez e as desigualdades do capitalismo real demandam tempo, sangue, suor e lágrimas para serem superadas. Pode apenas ser uma organização da sociedade que procure reduzir a infelicidade da maioria através de uma luta árdua e constante por liberdade, igualdade e justiça. Talvez por não entender o "socialismo real" desse modo, Delfim Netto acredite que ele morreu. Está certo em dizer que ele não constituiu “o estágio superior do capitalismo”. E que, em alguns lugares onde ocorreu, foi “apenas” um “medíocre substituto” do capitalismo real.

Também poderia ter dito, como Marx previra, que na forma em que foi tentado, esse socialismo “só poderia retornar à própria m...”. Portanto, para comprovar tal tese, Delfim Netto não precisava valer-se da estupidez do que supõe ter sido um “influente economista” soviético, um tal de S. G. Strumilin. Em "Industrialização e Epígonos do Populismo", in Economia Planificada, 1927, esse epígono afirmou que “Nossa tarefa não é a de estudar a economia, mas mudá-la. E mudá-la precisamente no sentido do voluntarismo, pois não estamos sujeitos a nenhuma lei".

Combater o socialismo, tanto o “ideal” quanto o “real”, com a utilização de argumentos de parvos como Strumilin não faz jus à inteligência e à cultura de ninguém. Delfim Netto poderia ter transcrito e combatido algum argumento socialista de Marx, o autor da tese de que o comunismo (não o socialismo) é o estágio superior do capitalismo, para chegar à conclusão de que, em certas circunstâncias, o “socialismo real” pode ser uma mediocridade capitalista.

O problema, para ele, como para qualquer outro que considere que o “socialismo morreu”, consiste em que é o próprio capitalismo real, ao desenvolver-se, que tende a ressuscitar o socialismo. Isso ocorre porque, principalmente ao desenvolver-se científica e tecnicamente, o capitalismo real materializa tendências incontornáveis. Automatiza cada vez mais o processo produtivo, criando uma imensa capacidade produtiva; concentra cada vez mais o capital-orgânico e o capital-dinheiro em algumas poucas mãos; utiliza cada vez mais o capital-dinheiro como instrumento de acumulação financeira, ou de dinheiro fictício; e descarta a maior parte da força de trabalho, criando uma massa imensa de miseráveis e reduzindo ao máximo a capacidade de consumo.

Ou seja, por um lado, o capitalismo apresenta à humanidade os meios científicos e técnicos capazes de criar felicidade. Por outro, ele gera crises de todos os tipos, erigindo o absurdo civilizatório de concentrar as riquezas numa minoria de 1% e relegar os outros 99% ao desemprego tecnológico, à pobreza, à miséria, à sobrevivência antissocial e à infelicidade. A solução mais radical para superar tal absurdo consiste na transformação da propriedade privada em propriedade social. Apenas desse modo toda a sociedade pode ter acesso aos frutos do trabalho social. Porém, como o capitalismo domina Estados que possuem arsenais nucleares, não se pode descartar a possibilidade de que aquela minoria de 1% utilize a destruição em massa como forma de tentar evitar a transformação da propriedade privada em propriedade social.

Também é preciso levar em conta que a “solução mais radical” não pode efetivar-se por toda parte, com o ingresso imediato no comunismo. Mesmo nos casos dos países científica e tecnologicamente avançados, em que  a capacidade produtiva pode atender às necessidades de todos os seus cidadãos, será necessário um processo de transição, que Marx chamou justamente de “socialismo”.

As dificuldades e os problemas dessa transição podem ser mais ou menos complicados, e sua duração pode ser mais ou menos longa, dependendo do estágio de desenvolvimento alcançado pelo próprio capitalismo. Este tem se desenvolvido de forma desigual pelo planeta. Em cada local adquiriu contornos e características nacionais acentuadas, configurando vários “capitalismos reais”. Portando, não haverá um “socialismo real”, mas vários “socialismos reais”, dependendo dos contornos e características dos diversos capitalismos nacionais.

O socialismo de tipo soviético foi um tipo de socialismo real que fracassou. Os socialismos de mercado chinês e vietnamita são socialismos reais em curso de desenvolvimento e ainda é cedo para garantir que eles transitarão com sucesso para o comunismo. Outras tentativas de socialismo real poderão ocorrer. De qualquer modo, o fato de que várias alternativas de socialismo existam e estejam no horizonte da juventude, mesmo idealmente, é uma demonstração de que o socialismo não morreu. Por isso, ao contrário do que supõe Delfim Netto, os “homens mais sofridos” terão que comparar tanto o miserável "socialismo real" soviético quanto os demais socialismos reais “que a história lhes revelou”, não só com o maravilhoso "capitalismo ideal", mas também com o “capitalismo real” de seus próprios países.

Não se pode negar que Delfim Netto, ao fazer a crítica do “capitalismo ideal”, no qual “todas as condições que encantam alguns economistas” seriam “satisfeitas”, está fazendo a crítica do capitalismo neoliberal. Aponta, corretamente, como sedução de “entes metafísicos” e produção de “cérebros peregrinos”, a suposição de  que o “rei-mercado” realizaria “automaticamente o máximo de eficácia produtiva, com plena liberdade individual e uma distribuição de renda aceitável”. E reitera que, na vida real, “os homens normais – de carne e osso, que vivem do trabalho honesto”, teriam encontrado, “ao longo da sua história”, “instituições que levaram a uma organização social apoiada na liberdade de iniciativa”, estimuladora da “criação” e da “apropriação de conhecimentos tecnológicos”, que engendrariam “uma crescente eficiência produtiva”.

Os “mercados” seriam, assim, “produto da cooperação natural espontânea entre os homens”. Eles teriam possibilitado “a vida em sociedade”, aumentado “a divisão do trabalho”, que por sua vez “aumentou a eficiência produtiva e coordenou as necessidades de cada um com a capacidade dos outros para atendê-las”. “Mas os mercados”, alerta Delfim Netto, não seriam o "capitalismo". Este seria apenas “o velho mercado da antiguidade, somado a mais um - o mercado de trabalho - e à instituição da propriedade privada”. O capitalismo teria, então, separado “a sociedade em duas classes: os detentores do capital e os que lhes vendem a força de trabalho”.

Essa divisão social do trabalho teria aumentado “ainda mais a eficiência produtiva”, mas criado “dois graves problemas: por um lado... uma exagerada desigualdade de renda e, por outro... as incertezas do trabalhador com a aleatoriedade do seu emprego”. Por isso, o capitalismo só funcionaria “quando protegido por um Estado forte, constitucionalmente limitado, capaz de garantir a propriedade privada e de regulá-la para reduzir seus inconvenientes”.

Assim, após navegar brevemente pelos clássicos da Economia Política, Delfim Netto tenta amarrar seu barco em Keynes, para quem o Estado é o salvador do capitalismo, ao funcionar como corregedor dos desvios e das crises cíclicas dessa combinação do “mercado da antiguidade” com o “mercado de trabalho”. É pena que ele tenha esquecido que a “propriedade privada” surgiu juntamente com o “mercado da antiguidade” e que o capitalismo também revolucionou tal mercado ao transformar o velho artesanato e a velha manufatura na indústria moderna. Indústria que, atualmente, está transformando as ciências e tecnologias em forças produtivas e alcançando um nível de automação e produtividade que Marx foi capaz de visualizar há mais de 150 anos.

De qualquer forma, na atual situação do capitalismo brasileiro, ele só terá condições de funcionar se o Estado, mesmo constitucionalmente limitado, não só garanta a propriedade privada, mas também reforce a propriedade pública, introduzindo uma cunha socialista no sistema. E regule ambas no sentido de: eliminar cartéis e monopólios; democratizar o capital; administrar o câmbio; orientar os investimentos estrangeiros para elevar a produção industrial; retomar a industrialização; rebaixar os juros; impedir o cassino financeiro; promover o crescimento; e realizar uma crescente melhora na redistribuição da renda e na redução das desigualdades econômicas e sociais, principalmente através da educação e do trabalho.


Nesse sentido, Delfim Netto considera trágica (e cômica!) a propaganda eleitoral na televisão. Coerente com sua visão contrária ao neoliberalismo, chama de “indecente desonestidade intelectual” a propaganda “de um dos lados”, deixando de especificar se se trata de Aécio ou de Marina, ou de ambos. E, coerente com sua visão de “capitalismo real” e “Estado forte”, também considera “indigente” a “ausência de ideias do outro” lado. O que, certamente, inclui Dilma. A propaganda deste  lado competiria “à altura com a triste figura de uma retrógada ‘verdadeira esquerda nacional’ que se classifica ‘progressista’ e ‘democrática’. Progressista, porque sugere repetir experiências fracassadas. Democrática, porque acredita ser portadora de uma visão privilegiada do mundo”.

Como Delfim Netto não desenvolve sua aversão aos termos “progressista” e “democrática”, não temos condições de avaliar por que ele alia o primeiro a “experiências fracassadas” e o segundo a “uma visão privilegiada do mundo”. Mas seria conveniente lembrá-lo que tal aversão talvez o tenha levado, no passado, a embarcar em “experiências extremamente fracassadas”, tanto do ponto de vista econômico quanto social, e a apoiar “visões privilegiadas do mundo” que conduziram o Brasil a um dos períodos mais regressivos e penosos de sua história política e social.




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