O típico docente do ensino básico no Brasil é
mulher, de cor branca, tem 38 anos, trabalha em apenas uma escola e leciona em
um turno. O perfil confirma a percepção da predominância do gênero feminino
entre os professores, mas surpreende no que se refere à carga de trabalho na
profissão.
"Existe a impressão no Brasil de que um grande
número de professores trabalha em mais de uma escola", afirma o
pesquisador Naercio Menezes, do Insper. A opinião é compartilhada por Maria
Inês Pestana, ex-diretora de estatísticas educacionais do Inep, instituto
ligado ao MEC (Ministério da Educação). "Em relação ao número de escolas e
turnos, existe uma diferença grande entre o senso comum e a realidade."
O MEC divulgou informações mais detalhadas sobre os
docentes na última edição do censo da educação básica, publicada recentemente.
A pesquisa mostra que quase oito em cada dez professores dão aulas em uma escola
e seis em cada dez lecionam em um único turno.
Segundo pesquisadores, essas informações podem
ajudar no diagnóstico de políticas para melhorar a qualidade do ensino básico.
"Parte da explicação para o baixo aprendizado dos alunos no Brasil tem a
ver com a sobrecarga de trabalho dos professores", diz Menezes.
Para especialistas, problemas de gestão nas escolas
são a principal fonte de excesso de trabalho no magistério. "A sobrecarga
se deve ao número alto de alunos em turmas, e às más condições de trabalho em
várias escolas", diz a pedagoga Bertha Valle, da Uerj (Universidade do
Estado do Rio de Janeiro).
A pesquisadora Paula Louzano, da USP, afirma que os
dados do MEC são importantes porque indicam que talvez não seja tão difícil
fixar o professor em uma escola.
Mas ressalta que as estatísticas não revelam se os
docentes têm outras fontes de renda ou trabalho.
A remuneração relativamente mais baixa no
magistério é citada como uma das explicações para a preponderância de docentes
do sexo feminino na profissão. Segundo Louzano, esse predomínio se repete em
outros países, mas, no Brasil, é fortalecida "pelo fato de a docência ser
uma profissão de jornada parcial e com baixo reconhecimento social".
A questão salarial também explica a procura maior
pelo magistério entre estudantes de renda mais baixa. A fatia mais
significativa de concluintes de cursos de pedagogia e licenciatura, próxima a
30% do total na maioria dos casos, vinha de famílias com renda entre 1,5 e 3
salários mínimos em 2012.
Essa tendência é bem diferente em carreiras como
engenharia civil e arquitetura, em que a parcela maior dos formandos (29% do
total) tinha renda familiar entre dez e 30 salários mínimos, segundo o Enade
(Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) de 2011.
BEATRIZ, 37, PROFESSORA DE MATEMÁTICA
A paixão pelo trabalho é o que move Beatriz Barros
Cavalcante, 37, a enfrentar as angústias da profissão: salário baixo e pouco
tempo para se atualizar.
Ela fez licenciatura em matemática e há sete anos
leciona na escola estadual Homero dos Santos Fortes, em Paraisópolis, zona sul
de São Paulo, para alunos do Ensino Fundamental.
O salário de Beatriz é de R$ 1.930, por 40 horas
semanais. A atualização se dá por meio de dois encontros semanais com outros
professores da escola. "Adoraria fazer outros cursos, mas não sobra tempo
nem dinheiro", afirma a professora, mãe de uma menina de cinco anos.
Ela se queixa da abordagem teórica da licenciatura.
"Para encontrar a matemática que queria, tive de buscar outros
caminhos."
THIAGO, 27, PROFESSOR DO ENSINO INFANTIL
Thiago Sabino dos Santos, 27, compõe a minoria de
4% de homens que lecionam na pré-escola. Chegou à profissão por acaso. Em busca
de um ensino de qualidade, foi parar em uma escola técnica. Acabou sendo aceito
no extinto Cefam (Centro de Formação do Magistério).
Quando decidiu ser mesmo professor, mandou
currículo para quase dez escolas particulares. Não foi chamado para nenhuma
delas. O motivo, acredita, é o preconceito pelo fato de ele ser homem e atuar
no ensino infantil.
Hoje, leciona no CEI Doutor Antônio João Abdalla,
em São Paulo. Entrou por concurso público. Ele gosta de dar aulas, mas diz que
a remuneração baixa e a falta de espaço nas escolas, que limitam a liberdade
dos alunos, desanimam muito.
CAROLINA, 33, PROFESSORA DE CIÊNCIAS
São quatro séries, 13 turmas e jornadas de até dez
horas de trabalho por dia. Mas Carolina L"Abbate Oreb, 33, não se cansa.
O caminho até conseguir uma vaga no Bandeirantes,
uma das mais conceituadas escolas privadas de São Paulo, foi longo. Enquanto
cursava o ensino médio, Carolina já sabia que queria ser professora de
ciências. Fez faculdade, mestrado e doutorado para conseguir a vaga no
"Band".
Chegou a lecionar em uma escola privada pequena e
viveu a "triste realidade de ser mal paga". "Meu marido me ajudava
financeiramente. Era difícil para mim", conta.
Hoje, diz, seu salário é próximo ao do marido. E a
família, que no passado se decepcionou com sua escolha profissional, tem
orgulho de sua carreira.
(FOLHA DE S. PAULO, 04/08/13)
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