O
princípio da valorização do protagonismo é a escuta, se eu não faço isso, eu
não só comprometo a autonomia do jovem, como eu envelheço precocemente a
humanidade.
Quem são os(as) adolescentes e jovens? Esta pergunta deve ser feita
inicialmente a quem se propõe a trabalhar com/para a juventude. Ainda que possa
parecer complexa, não há como começar qualquer trabalho com este público sem
minimamente conhece-lo. E para isto, torna-se necessário um exercício de
escuta, conforme sugere Rubem Alves em "Escutatória"[1].
As características biopsicossociais entram em conflito com o tempo e o
espaço, definindo um conjunto de conceitos que possa identificar estas etapas
tão próximas, mas que também possuem especificidades. No Brasil, conforme a lei
que dispõe sobre o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência
compreende a etapa entre doze e dezoito anos[2]. Já as ações voltadas à
juventude compreendem de 15 a 29 anos[3].
Num paralelo ao artigo do teólogo e escritor Leonardo Boff sobre
sustentabilidade[4], os(as) adolescentes e jovens podem ser tratados(as) como
adjetivos (pode ser agregada a qualquer coisa sem mudar a natureza da coisa) ou
substantivos (exige uma mudança na natureza da coisa). Sua capacidade
transformadora vem sendo ofuscada por estereótipos: padrão de beleza,
reprodutora da violência, alienada/alienante ou descartável. Com isso, o
hedonismo de alguns pelo poder, empurra muitos(as) à criminalidade, a
prostituição, a gravidez precoce, ao tráfico, dentre outros problemas sociais.
Em contrapartida, o reconhecimento dos(as) adolescentes e jovens como
sujeitos de direito, se dá a partir da compreensão e valorização de seu
PROTAGONISMO. De origem latina ("protos” que significa principal, primeiro
e "agonistes” lutador, competidor) protagonismo se refere a participação
ativa de modo a intervir no meio em que atua. Protagonizar não é estado
(status), mas sinônimo de ação.
Porém, para quem se propõe a promover a autonomia juvenil, evitar-se-á
dependência ou tutela, onde as decisões giram a partir ou em torno de uma
pessoa, mesmo que este(a) seja um(a) adolescente ou jovem. Ninguém protagoniza
por ninguém, mas é uma ação individual com/para o coletivo. "A idéia é que
o protagonismo juvenil possa estimular a participação social dos jovens, contribuindo
não apenas com o desenvolvimento pessoal dos jovens atingidos, mas com o
desenvolvimento das comunidades em que os jovens estão inseridos”[5].
Tornar protagonista uma população silenciada na história nos fará
escutar gritos evidentes. Farão-nos perceber que propostas superficiais como a
redução da maioridade penal, além de aumentar a violência e o extermínio de
jovens, não resolverá o problema da (in)segurança pública. Pelo contrário, irá
calar a voz de quem pode trazer a mudança que o mundo espera acontecer.
Eduardo
da Amazônia
Educomunicador,
membro da Rede de Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS e da
"Rede Jovens + Pará”, Belém/PA.
Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
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