quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Conversando com versos (102): "A sesta de Nero", de Olavo Bilac (1865-1918)




A sesta de Nero

Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
E mármor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente.

Nero no toro ebúrneo estende-se indolente...
Gemas em profusão do estrágulo custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente,
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso.

Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.

Formas quebram, dançando, escravas em coréia...
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica Popéia.


Fonte: Lima, Alceu Amoroso. Olavo Bilac. Poesia. Coleção Nossos Clássicos (02). 7ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1980, p.44


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