segunda-feira, 31 de maio de 2021
Assembleia Virtual do SEPE Rio das Ostras: Rede estadual e municipal
domingo, 30 de maio de 2021
NOTA OFICIAL DO SEPE Rio das Ostras sobre retorno as aulas nas redes privada e estadual
No último diário oficial
municipal, publicado na sexta no dia 28 de maio de 2021, nos surpreendemos com a
autorização deste decreto municipal, de retorno gradual de volta às aulas presenciais
em regime hibrido (presencial e remoto) escalonado na rede privada de ensino
municipal e na rede estadual nas escolas estaduais localizadas no município, a
partir do dia 7 de junho de 2021.
A rede estadual é competência
da secretaria estadual de educação, e sua reabertura para aulas foi orientada
pelo secretario estadual Comte Bittencourt,
dependendo da cor bandeira de casos de Covid-19, no momento a bandeira do município
é amarelo 1 e por isso a mudança de postura da prefeitura. Nós do SEPE acreditamos
que é insuficiente os Protocolos Sanitários constantes no Plano Municipal de
Retomada das Aulas presenciais (Decreto Municipal 2779/2021). As escolas
estaduais não possuem uma infraestrutura adequada que garanta a ventilação adequada
nas salas de aulas, além de sofrer constantemente com falta de água, e outros
problemas estruturais.
Nós da direção do Sindicato
Estadual dos Profissionais da Educação – SEPE orientamos a categoria dos
profissionais da educação da rede estadual a aderir à greve pela vida mantendo
o trabalho remoto, decidida em nossas assembleias estaduais do SEPE, e que os
educadores solicitem aos seus diretores das escolas estaduais, que coloquem
código 61 no ponto funcional, ou seja, nosso código de greve.
A vida é o que temos de
mais precioso, e nossa categoria não esta imunizada, porque a maioria de nós
ainda não recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19. Queremos voltar às
aulas, mas com segurança e vacinados. Neste sentido, manteremos a greve pela
vida com a manutenção do trabalho remoto e a nossa campanha pela vacinação,
para pressionar os governos pela vacinação dos profissionais da educação e de
toda comunidade escolar.
Os especialistas da
saúde da Fiocruz estão alertando sobre a chegada de uma terceira onda de
contaminação de massas no Brasil e sobre as diversas cepas que adquiriu o Covid-19,
alertando sobre o perigo de maior contágio no mês de junho. Não nos parece que
esse cenário provável seja o melhor momento de reabrir as escolas, porque podemos
colocar em risco os educadores e os estudantes. Para evitar os riscos precisamos
de vacinação de massas imediatamente. Sabemos que com a reabertura das escolas,
as crianças e jovens podem esta levando o vírus para seus pais e avós, podendo
contribuir para a disseminação maior ainda da pandemia de coronavírus.
O decreto municipal serve
como um alerta para os profissionais da educação da rede municipal de Rio das
Ostras. Até o momento temos um decreto municipal que garante que não haverá volta
às aulas presenciais na rede municipal até o dia 30 de junho, fruto da pressão
do SEPE no conselho municipal de educação e nas audiências e da aceitação por
parte do secretario municipal de educação Mauricio Henriques Santana, que até
então havia concordado com os perigos das voltas as aulas e tinha tido uma
postura coerente de fechamento das escolas para aulas presenciais, e que mesmo não
aceitando fechar as escolas completamente como sugeriu o SEPE, tinha pelo menos
aceitado a proposta do SEPE de escalonamento dos trabalhos dos profissionais da
educação, sabendo que essa proposta foi votada pelos profissionais da educação
em assembleia do SEPE.
Mas na política infelizmente tudo pode mudar rapidamente, e por isso estejamos atentos para caso o decreto municipal que impede a volta as aulas na rede municipal de ensino até 30 de junho de 2021 não seja prorrogado. Estejamos preparados para fazer greve pela vida mantendo o trabalho remoto. O SEPE acredita que a vida vem em primeiro lugar, e manteremos o dialogo democrático com o secretário de educação e com o prefeito de Rio das Ostras, mas caso eles decidam decretar a volta às aulas sem vacinação para os profissionais da educação, por nossa discordância e em defesa da vida, só nos caberá convocar uma assembleia do SEPE da rede municipal para decretarmos o início da greve pela vida também no município. Estamos vivendo tempos muito difíceis e precisamos da máxima união dos educadores para defendermos a vacinação da população e a defesa das nossas vidas, sem contaminação, mais do que nunca precisaremos entender que o SEPE somos nós e que só a luta mudará nossas vidas.
quarta-feira, 26 de maio de 2021
29M Rio das Ostras: Fora Bolsonaro!
NOTA DO NÚCLEO DO SEPE CASIMIRO DE ABREU
segunda-feira, 24 de maio de 2021
*ASSEMBLEIA ONLINE UNIFICADA - REDE ESTADUAL É MUNICIPAL*
Nota Oficial rede estadual
29
sábado, 22 de maio de 2021
quarta-feira, 12 de maio de 2021
Roda de Conversa Mulheres Pretas Educadoras: debatendo educação na pandemia, 13/05, às 20h.
Já parou pra pensar sobre como as mulheres pretas professoras estão lidando com a pandemia, o ensino público e a desigualdade gritante da nossa educação brasileira? Diante de tantos acontecimentos, nos perguntamos o que temos a dizer sobre a nossa cor, a nossa história e a nossa atualidade em tempos tão difíceis.
Por isso, convidamos você para a Roda de Conversa Mulheres Pretas Educadoras: debatendo educação na pandemia, que vai acontecer no dia 13/05, às 20h. Vem com a gente trocar sobre a experiência de viver a educação no contexto atual!
Inscrições aqui: https://forms.gle/vMKAVMqwKJT9zp7x7
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Tubarões da educação e as consequências do neoliberalismo na educação brasileira
Texto escrito por Luciano Barboza pesquisador do LIEPE/UFRRJ, diretor do SEPE RJ e coordenador geral do SEPE Rio das Ostras
Este pequeno texto visa refletir sobre a implantação de políticas neoliberais na educação brasileira nas últimas décadas e suas consequências. A ideia central é percorrer alguns autores emblemáticos como István Mészáros, Antônio Gramsci, Lúcia Neves, André Martins, Virginia Fontes, Aparecida dos Santos, Luiza Colombo, Flávio Casimiro, Amanda Silva, Thayse Gomes, Vânia Motta e Roberto Leher que tratam desta temática e que utilizam o materialismo histórico e dialético como referencial teórico.
A nossa análise parte da perspectiva estrutural do sistema capitalista, e por isso iniciaremos com a localização histórica e econômica do período atual em que vivemos através da análise de Mészáros que afirma em seu livro (A crise estrutural do capital):
“A imensa expansão especulativa do aventureirismo financeiro – sobretudo nas últimas três ou quatro décadas – é naturalmente inseparável do aprofundamento da crise dos ramos produtivos da indústria assim como das resultantes perturbações que surgem com a absolutamente letárgica acumulação de capital (na verdade, acumulação fracassada) no campo produtivo da atividade econômica. Agora, inevitavelmente, também no domínio da produção industrial a crise esta ficando muito pior. Naturalmente, a consequência necessária da crise sempre em aprofundamento nos ramos produtivos da ‘economia real’ (…) é o crescimento do desemprego por toda parte numa escala assustadora, e a miséria humana a ele associada. Esperar uma solução feliz para esses problemas vinda das operações de resgate do estado capitalista seria uma grande ilusão. (MÉSZÁROS, 2011, p.14)”
Mészáros explicita de forma didática como a crise econômica esta relacionada ao sistema sóciometabólico do capital (núcleo central formado pelo tripé capital, trabalho assalariado e Estado) e sua crise estrutural. Para o autor o limite do capital é o próprio capital, e sua impossibilidade de se expandir continuamente. Para Mészáros essa é uma falha sóciometabólica que gera a miséria da população. Esse processo está também relacionado diretamente ao atual desemprego estrutural.
A crise estrutural do capital gera recessão nos países, respondida de forma equivocada com o discurso e pratica neoliberal da necessidade de redução dos gastos públicos. As medidas de austeridade como redução de gastos públicos, de direitos trabalhistas e a flexibilização dos contratos de trabalho para baratear o custo da mão de obra, fazem parte também desta concepção econômica. O Estado Brasileiro tem privilegiado uma política de ajuste fiscal, altos superávits primários para pagar a dívida pública, juros altos e avanço nas reformas neoliberais como no caso da previdência, universitária, lei de parceria público-privado, lei de inovação tecnológica, etc…
Nesse contexto a burguesia que controla o Estado brasileiro deixa de investir mais decisivamente em educação e passa a dizer que o problema da educação pública não é de falta de investimentos, mais de gerenciamento, o que é uma falácia, justificada ideologicamente pelos liberais para gerenciar e receber verbas públicas. A educação publica não é neutra, expressa a ideologia da classe dominante, como afirma Mészáros no livro (A educação para além do capital):
“A educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito de não só fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital, como também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes, como se não pudesse haver nenhuma alternativa à gestão da sociedade, seja na forma ‘internalizada’ (isto é, pelos indivíduos devidamente ‘educados’ e aceitos) ou através de uma dominação estrutural e uma subordinação hierárquica e implacavelmente imposta. (MÉSZÁROS, 2005, p.35)”
Compreendendo esse quadro de valores que legitima os interesses dominantes para a defesa do sistema do capital, como afirmou Mészáros, em uma perspectiva gramsciana compreendemos a organização do poder das classes dominantes como bloco, que aspira hegemonizar o processo politico considerando a construção de um imaginário social. Quando o imaginário social está construído a imagem e semelhança do bloco dominante, o processo de dominação é muito mais consenso e menos força. A sociedade civil segundo Gramsci expressa o momento da persuasão e do consenso que, conjuntamente com o momento da violência e da repressão (sociedade política), asseguram a manutenção da estrutura de poder (Estado). Os conceitos de hegemonia e de sociedade civil permitem pensar dialeticamente o problema da educação bem como no funcionamento da escola.
Para Gramsci a obtenção do consenso nas sociedades ocidentais torna-se fundamental para que um projeto de sociedade se torne hegemônico, este ocorre quando a classe dominante no poder consegue diminuir a circulação e importância de outras ideologias (hegemonia da classe trabalhadora), sendo assim a hegemonia está realizada com a opressão da classe oprimida que vive sua opressão como se fosse liberdade, aceitando o projeto de sociabilidade da classe dominante e dirigente, o que Gramsci chama de senso comum.
Neves inspirada em Gramsci (que possibilita o arcabouço teórico para compreendermos o projeto de sociabilidade da classe dominante) desenvolveu o conceito de uma pedagogia da hegemonia do Estado capitalista. Segundo Neves:
(…) Na condição de educador, o Estado capitalista desenvolveu e desenvolve uma pedagogia da hegemonia, com ações concretas na aparelhagem estatal e na sociedade civil. Esse conceito, embora não tenha sido utilizado explicitamente por Gramsci, é por ele inspirado. (…) Nesse sentido, valeria a pena não perder de vista uma das contribuições fundamentais do pensamento gramsciano, qual seja a vinculação entre o conceito de hegemonia e os responsáveis por sua formulação e execução (os aparelhos privados de hegemonia) e os temas definidos como relacionados à grande politica.(…) Sob a hegemonia burguesa, ao formar intelectuais orgânicos em sentido amplo e em sentido estrito segundo os ideais, ideias e práticas da classe dominante e dirigente, a escola torna-se importante instrumento de difusão da pedagogia de hegemonia, ou pedagogia da conservação, e concomitantemente, em veiculo que limita e emperra a construção e a veiculação de uma pedagogia da contra-hegemonia.” (NEVES, 2005, p.27,28 e 29)
A ideia central da atual pedagogia da hegemonia é de que os excluídos se tornem colaboradores de mecanismos de consenso. Neves e Martins explicam concretamente a relação entre a pedagogia da hegemonia e as características do bloco histórico no livro (Direita para o social e esquerda para o capital intelectuais da nova pedagogia da hegemonia no Brasil):
“Uma das principais características do bloco histórico que se forma a partir da nova pedagogia da hegemonia, envolvendo a formulação de novas teorias, a formação de novos intelectuais orgânicos e a difusão pedagógica dos novos consensos, é o realinhamento ideológico de teóricos e de forças políticas nas relações sociais e de poder. Esse realinhamento sugere que, com a ‘crise do marxismo’, a ‘morte do socialismo’ e a ‘insuficiência da perspectiva neoliberal’, o futuro da politica estaria localizado num plano que vai além das formas clássicas ‘esquerda’ e ‘direita’. A aposta mais significativa da nova pedagogia da hegemonia é o complexo movimento concomitante de criação de novos sujeitos políticos coletivos, de reconversão dos antigos sujeitos políticos coletivos e de desorganização da visão critica ao capitalismo para a construção do novo consenso.” (MARTINS e NEVES, 2010, p.25)
A análise de Fontes no livro (O Brasil e o capital-imperialismo) sobre a atitude dos neoliberais no Estado brasileiro fortalece a compreensão do que ocorreu no interior das estruturas estatais brasileiras. Segundo Fontes:
“A causa primordial, atribuída ao Estado, por diferentes aparelhos privados de hegemonia dos setores dominantes, era amplificada pela mídia a traduzia a nova tática do capital: expunham cruamente o mal-estar real que existia entre a população. Apagava-se a seletividade das políticas públicas, a diferença entre as diversas agências no interior do Estado (poupavam as “modernas” e que correspondiam a seus próprios interesses, aliás infinitamente mais bem aparelhadas do que as voltadas para o atendimento à população em geral) e o seu próprio papel no interior do Estado. Atribuir todas as causas à incompetência genérica do Estado brasileiro permitia ressaltar o novo foco – gerenciar de maneira privada, concorrencial e lucrativa políticas públicas voltadas para a maioria da população. Incompetência e ineficácia também imputadas aos funcionários públicos, acusados de deformações por estarem distantes da concorrência no mercado de trabalho. Ainda que esse argumento fosse brandido genericamente, voltava-se em especial para as empresas que os grandes capitais procuravam abocanhar – as telecomunicações, siderúrgicas, educação, saúde – e estimulavam um novo padrão de gerenciamento – de cunho agressivamente competitivo, voltado para o imediato e rentável – para as políticas públicas.” (FONTES, 2010, pág.273)
Os tubarões da educação (grandes empresas privadas da educação) disputaram a sociedade civil nas últimas décadas, tendo o gerenciamento como um verdadeiro mantra. Esses empresários querem se apropriar de recursos públicos para educação pública através das parcerias público-privadas. Além disso, querem que empresas privadas gerenciem escolas públicas como já ocorre em algumas escolas brasileiras.
Santos desenvolveu o conceito de “Pedagogia do Mercado”, enfatizando a implantação do “gerencialismo” nos sistemas escolares brasileiro nas duas últimas décadas, retirando a autonomia pedagógica dos professores, e implantando um sistema de execução do trabalho centrado no alcance de metas e na prestação de contas. Segundo Santos em seu livro (Pedagogia do mercado: neoliberalismo, trabalho e educação no século XXI):
“A pedagogia do mercado responde ao discurso pactualista (“todos”pela educação, acima dos interesses de classes), realizando-se na didática neotecnicista. O esfacelamento da escola pública nas duas últimas décadas do século XX precede a seu sequestro salvacionista pelo mercado. O bloco hegemônico investe na desqualificação da escola publica – contando, inclusive, com a adesão desapercebida de setores populares – para, em seguida, apresentar a solução: entregar a escola publica a competência administrativa dos senhores de negócios e a seus institutos.” (SANTOS, 2012, p.5)
As organizações não governamentais da sociedade civil como os institutos citados por Santos cresceram exponencialmente como afirma Casismiro, e parte destas organizações desejam abocanhar os recursos públicos da educação brasileira, onde os recursos das políticas públicas educacionais seriam geridos por ONGs ligadas a empresas privadas como Fundação Itaú e a Fundação Roberto Marinho, dentre outras.
Colombo explica esse processo em sua tese de doutorado intitulada (A frente liberal-ultraconservadora no Brasil – Reflexões sobre e para além do “movimento” Escola Sem Partido) p.170 e 171:
“Compreendemos também que esta frente liberal-ultraconservadora, na Educação, atua concomitantemente a outro conjunto associações e entidades de cunho empresarial da “direita para o social” advindo da variante neoliberal do social-liberalismo. Esta frente “social-liberal” na Educação tem sua maior expressão no movimento empresarial Todos Pela Educação, que desde 2006, vem atuando como um poderoso aparelho privado de hegemonia na produção de consensos, materializando-os nas mais diversas políticas públicas educacionais e, recentemente, na formulação da famigerada Reforma do Ensino Médio e na composição da comissão especial de formulação da Base Nacional Comum Curricular. (…) Na frente liberal-ultraconservadora na educação, identificamos o movimento Escola Sem Partido, no sentido da ideologia que representa, como o principal eixo articulador, atuando como uma frente ideológica de um conjunto de aparelhos privados de hegemonia. Sua ideologia, no nível discursivo e na profunda difusão de seu receituário através de grande investida de suas novas estratégias de ação e articulação vem representando que o seria, no entendimento desta pesquisa, o conjunto de uma agenda liberal-ultraconservadora para as políticas educacionais no Brasil. (…)”
Percebemos em conjunto nas frentes social-liberal e liberal-ultraconservadora, o crescimento das igrejas neopentecostais, que influenciou o movimento Escola Sem Partido, mesmo a lei sendo vetada pelo Supremo Tribunal Federal, como sendo uma lei inconstitucional que feria a liberdade de cátedra, mas mesmo assim, esse processo gerou muitas perseguições ideológicas feitas pelos pais de alunos nas escolas públicas, com relação aos professores mais críticos. Segundo Casimiro no livro (A tragédia e a farsa: a ascensão das direitas no Brasil contemporâneo):
“Para compreender melhor a truculência da nova direita no Brasil, principalmente no que concerne à disseminação e ao aprofundamento do discurso mais reacionário ou “conservador cultural” e suas pautas moralistas, não podemos deixar de levar em consideração o avanço extraordinário das igrejas evangélicas no Brasil nas últimas duas décadas, principalmente as neopentecostais. As organizações da sociedade civil no país aumentaram 680%, de 1996 até o final de 2017. De acordo com os dados da pesquisa realizada pelo Ipea, um dos segmentos de maior expansão nesse levantamento concentra-se, justamente, nas organizações de natureza religiosa, principalmente as igrejas neopentecostais.” (CASIMIRO, 2020, p.83)
A ofensiva do capital sobre a educação brasileira focalizou na pedagogia uma educação por meio de competências básicas, diminuindo o currículo e os conteúdos a serem ensinados para os filhos da classe trabalhadora, que nessa visão devem exclusivamente ser preparados para o trabalho técnico através de uma didática neotecnicista.
Esta ideologia educacional neoliberal se afasta do ideal de escola unitária, escolas públicas integrais com conteúdos como formação científica, com crítica social e artística contextualizando a realidade vivida pelos estudantes, ou seja, uma formação para os estudantes através de um currículo com mais conteúdo pedagógico, formando os estudantes para a vida, e não só para o trabalho.
Os tubarões da educação estão interessados no fornecimento desses “serviços” educacionais através da venda de material didático pedagógico com as competências básicas, parcerias para treinamento, avaliação de professores, consultorias, assessorias para o governo federal e para os governos estaduais e municipais. Os tubarões da educação também querem como meta gerenciar as escolas públicas através de parcerias público-privadas para gestão escolar pública.
Além das alterações pedagógicas e do gerenciamento proposto pelos tubarões da educação, houve um aumento significativo da precarização do trabalho docente, e citaremos aqui o excelente artigo assinado conjuntamente por Amanda Moreira da Silva, Thayse Ancila Maria de Melo Gomes, Vânia Cardoso da Motta, intitulado (Formas e tendências de precarização do trabalho docente e os influxos do empresariamento na educação):
“Considerando que o empresariado se articula na gestão do público e sinaliza para a dominação daquele sobre este, verifica-se que a predominância da lógica empresarial na educação, no bloco histórico neoliberal, cerceia em limites inaceitáveis o trabalho docente: expropria seu conhecimento, retira sua autonomia pedagógica, mesmo que relativa, desmantela sua carreira e enfraquece sua capacidade política coletiva. A formação desse novo ethos do trabalho docente, baseado em valores individuais e mercadológicos, configura uma realidade que contribui para gerar um processo de conformidade e atomização destes profissionais diante de seus processos de luta e resistência frente às reformas educacionais das últimas décadas. As atuais formas e tendências de precarização do trabalho docente são baseadas num modelo que instala um ambiente de competitividade dentro das escolas públicas, induzindo à fragmentação da carreira e ao rebaixamento do salário docente, além de cimentar, no senso coletivo dos trabalhadores em educação, que é uma tendência natural. Enfim, submetendo o docente às condições cada vez mais precárias de trabalho, promove a desqualificação de sua atividade profissional, com vistas a requalifica-la em outra direção. (Cadernos de Educação UFPEL, n63, jan./jun. 2020, p.150)
Os estados e municípios brasileiros nas últimas décadas neoliberais tem utilizado de forma constante a contratação temporária de professores (precarização do trabalho docente) como mecanismo permanente, evitando convocar os concursados públicos como prevê a constituição federal e a LDB, transformando em regra o que era para ser exceção. As autoras focaram em seu artigo as formas de contratação temporária e eventual de professores, assim como as tendências de terceirização, pejotização e uberização, surgidas nos últimos anos no bloco histórico neoliberal e no processo de empresariamento da educação. Todos esses processos em conjunto geraram a precarização do trabalho dos professores.
Durante a pandemia milhares destes trabalhadores foram demitidos sumariamente, ficando sem renda nenhuma e demonstrando finalmente o tamanho do número abusivo de contratados nas redes públicas, por exemplo, em Cabo Frio e Rio das Ostras, a soma dos demitidos ultrapassam o número de 2 mil professores, número superior ao número de professores concursados estatutários, o que fere o que prevê a LDB de no mínimo de 50% de funcionários estatutários com estabilidade.
A disputa da escola pública para garantir uma educação de qualidade para os filhos da classe trabalhadora esta em aberto conflito com a pedagogia da hegemonia ou pedagogia do mercado. De um lado esta a classe trabalhadora e do outro lado esta a classe dominante. LEHER apresenta as perspectivas para os militantes da educação comprometidos com a melhoria da escola pública no próximo período (a defesa da educação pública é parte da estratégia dos subalternos) através do seu artigo intitulado: 25 anos de educação pública: notas para um balanço do período, 2010, pág71:
“A melhor formulação estratégica para instrumentalizar os socialistas nesse embate foi a de Antônio Gramsci. É preciso enfrentar a estratégia burguesa que busca submeter toda educação popular ao seu projeto particularista, classista, objetivando difundir seu próprio americanismo como se este fosse universal. Para o autor dos Cadernos, a defesa da educação pública é parte da estratégia dos subalternos. Mas, para isso, é indispensável superar as crenças pedagógicas liberais. No último século, os educadores sustentaram consignas liberais como a gratuidade, a laicidade e o dever do Estado na educação, e isso teve um caráter progressivo. Mas atualmente os liberais convergiram na defesa da educação minimalista para os trabalhadores e, por isso, os educadores comprometidos com a emancipação humana, diante da expropriação e da exploração, precisam romper com o quadro ideológico liberal burguês. Por isso é indispensável alargar o campo de alianças, inserindo a luta pela educação pública unitária na agenda das lutas sociais mais amplas contra a mercantilização da educação.”
Por tudo isso, concluímos este pequeno texto concordando com as afirmações de Leher, os liberais convergiram na defesa da educação minimalista para os trabalhadores aprenderem competências básicas voltadas para o trabalho e os trabalhadores tem que reagir convergindo na defesa da escola unitária, escolas públicas integrais com conteúdos com formação científica, com crítica social e artística contextualizando a realidade vivida pelos estudantes. Por isso é indispensável à unidade de todos os sindicatos da educação junto às entidades estudantis, inserindo a luta pela educação pública unitária na agenda das lutas sociais mais amplas contra a mercantilização da educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CASIMIRO, Flávio Henrique Calheiros. A tragédia e a farsa: a ascensão das direitas no Brasil contemporâneo. São Paulo: Expressão Popular, Fundação Rosa Luxemburgo, 2020.
COLOMBO, Luiza Rabelo. A frente liberal-ultraconservadora no Brasil – Reflexões sobre e para além do “movimento” Escola Sem Partido. Dissertação Mestrado UFRRJ, 2018.
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, v.2, 2000.
MARTINS, André Silva. NEVES, Lúcia Maria Wanderley. A nova pedagogia da hegemonia e a formação/atuação de seus intelectuais orgânicos. In: NEVES, Lúcia Maria Wanderley (Org.). Direita para o social e esquerda para o capital intelectuais da nova pedagogia da hegemonia no Brasil. São Paulo: Xamã, 2010.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005.
MÉSZÁROS, István. A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo, 2011.
NEVES, Lúcia Maria Wanderley (Org.). A nova pedagogia da hegemonia: estratégias do capital para educar o consenso. São Paulo: Xamã, 2005.
SANTOS, Aparecida de Fátima Tiradentes dos. Pedagogia do mercado: neoliberalismo, trabalho e educação no século XXI. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2012.
SILVA, Amanda Moreira; GOMES, Thayse Ancila Maria de Melo; MOTTA, Vânia Cardoso. Formas e tendências de precarização do trabalho docente e os influxos do empresariamento na educação. Cadernos de Educação UFPEL, n63, jan./jun. 2020.
quinta-feira, 6 de maio de 2021
NOTA OFICIAL SEPE CASIMI|RO DE AB|REU
A SAÍDA DA SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO E A CONJUNTURA EDUCACIONAL E POLÍTICA EM CASIMIRO DE ABREU
119 DIAS DE GOVERNO E SEM DIÁLOGO
Em pouco mais de 100 dias de governo temos a saída da
secretária de educação, Tatiana Alzeman, que durante seus poucos dias de gestão
optou em não atender e dialogar com o SEPE sobre as demandas dos profissionais
da educação organizadas através da assembleia do SEPE.
Desde o início de sua gestão foram inúmeros ofícios do SEPE
encaminhados à Secretaria de Educação, entre eles pedidos de reunião para
tratar das demandas salariais dos trabalhadores da educação e a necessidade de
equipamentos técnicos para o ensino online.
Iniciamos o ano com o ensino remoto e com nenhum
planejamento de como assessorar alunos e professores com auxilio a conexão de
internet e equipamentos tecnológicos para que alunos e professores tivessem o
mínimo de condições de trabalho e acesso, ficando a comunidade responsável por
arcar com os custos demandados pelo ensino remoto.
Infelizmente, o primeiro e único encontro entre direção do
SEPE e secretária de educação foi para tratar de assédio moral e perseguição
política da atual prefeitura sobre uma professora e diretora sindical. Para nossa
decepção a secretária de educação Tatiana Alzeman ratificou a postura
persecutória e assediadora da diretora Fábia Ferreira da E. M. Renata Tavares
Bastos. Não aceitaremos essa perseguição e vamos buscar dentro da lei reverter
essa perversa situação criada pelos gestores deste município.
Fizemos uma reunião com o prefeito solicitando que ele
intervisse com uma proposta conciliatória apresentada pelo SEPE, mantendo a
educadora na escola sem a saída da diretora da escola, o prefeito disse que
aceitaria a conciliação, mas no final das contas a secretaria ratificou a
perseguição e retirou a educadora da escola, um exemplo do autoritarismo e da
falta de diálogo. Esperamos que o prefeito reveja tal situação injusta e a nova
secretária de educação Gracenir mude essa conduta absurda. Parem a perseguição
politica da diretora do SEPE, vamos continuar lutando pelos direitos dos
trabalhadores, queiram vocês ou não, existe uma constituição que garante
direitos trabalhistas e sindicais!
VITÓRIA DA CATEGORIA
E DO SEPE NO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
Na Comissão de Retorno às aulas presencias a secretária de
educação, assim como os representantes da SEMED e representantes de outros
órgãos governamentais defenderam que
não havia necessidade de adicionar ao
texto do Protocolo de Retorno ás Aulas Presenciais a imunização prévia da
comunidade escolar como medida de segurança sanitária para o retorno das aulas presenciais, o SEPE esteve lá presente e
defendeu essa medida como sendo extremamente necessária.
Felizmente o documento passaria ainda pelo Conselho
Municipal de Educação onde o SEPE se posicionou e foi possível reverter essa
irresponsabilidade. Na reunião do CME que aconteceu no dia 23/04/21, foi
proposto e defendido pelo SEPE com o apoio de demais conselheiros que a
imunização dos trabalhadores da educação fosse medida primária e condição para
o retorno das aulas presenciais e que essa medida constasse no texto do
protocolo de retorno. O CME então aprovou
a inserção da medida ao Plano de Retorno às Aulas Presenciais.
JÁ VAI TARDE
A atuação da secretária de educação foi no mínimo peculiar,
mostrando defender interesses contrários aos da comunidade escolar da rede de
ensino de Casimiro de Abreu que desejam que as aulas só voltem com a comunidade
escolar vacinada para preservar as vidas.
Diante de tamanha incompetência política, pedagógica,
postura autoritária (aceitou de forma injusta e encaminhou a perseguição
política de uma servidora municipal, membro da diretoria do SEPE) e pouca
disposição de diálogo para pelo menos ouvir as demandas dos profissionais da
educação, ficamos com a seguinte sensação em relação à saída da secretária de
educação Tatiana Alzeman: JÁ VAI TARDE! CHEGA DE PERSEGUIÇÂO A DIRETORA DO
SEPE!
RETORNO: SÓ COM
SEGURANÇA!
Já nos posicionamos e continuaremos a bater na mesma tecla,
independente de quem esteja à frente do governo e da sua secretaria de
educação: SÓ ACEITAMOS RETORNAR À ESCOLA DE MANEIRA SEGURA: COM VACINAÇÃO. O SEPE
permanecerá incansável na defesa dos trabalhadores da educação nas instâncias
viáveis: no chão da escola, no Conselho Municipal de Educação e no diálogo ou
embate permanente com a secretaria de educação.
Viva a luta da professora Hosana que faz valer nossa posição
no chão da sua escola, apesar da perseguição politica arbitraria da secretaria
de educação, do assédio da diretora da escola e até mesmo de sua devolução sem
direito ao contraditório e à ampla defesa. O SEPE lutará em todas as instâncias
legais para reverter à perseguição de sua diretora sindical Hosana, não aceitaremos
esta covardia com quem sempre lutou pelos direitos dos profissionais da
educação casimirense.
Concluímos deixando um recado para nova secretaria de
educação: Prezada secretária Gracenir gostaríamos de abrir um canal de dialogo democrático
com sua nova gestão que se inicia, o SEPE quer discutir os problemas dos
profissionais da educação nesta pandemia e também queremos rediscutir a
perseguição política feita a servidora publica estatutária diretora do SEPE.
Queremos uma boa relação entre a prefeitura e o nosso sindicato, com o nosso
diálogo quem ganha são os estudantes casimirenses, e temos certeza que esse é
nosso objetivo.
Nossa luta é por valorização laboral, por direitos e por
justiça! Não nos calarão! Vamos até o fim!
VACINA JÁ!
RETORNO SÓ COM
IMUNIZAÇÃO!
SEMPRE JUNTOS E
MISTURADOS!
O SEPE SOMOS NÓS,
NOSSA LUTA E NOSSA VOZ!