Por Altamiro Borges
Em
mais um dia de intensos bombardeios, cerca de 60 palestinos foram
assassinados neste domingo (20) pela ação terrorista do Estado
de Israel. Segundo a agência de notícias Reuters, residentes
de um bairro de Gaza "deixaram as ruas do conflito repletas de
corpos e destroços, e muitos se abrigaram no hospital de Shifa.
Lamentos e perguntas como 'você viu Ahmed' ou 'você viu minha
esposa' ecoavam no pátio do hospital. Na parte de dentro, mortos e
feridos eram vistos deitados no chão manchado de sangue. O diretor
do hospital de Shifa, Naser Tattar, disse que 17 crianças, 14
mulheres e quatro idosos estavam entre os 62 mortos, e cerca de 400
pessoas foram feridas no ataque de Israel".
O
primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que comanda a
ofensiva aérea e terrestre, parece não ter freios nesta ação
terrorista, que já causou mais de 400 mortos - a maioria de
civis, incluindo mulheres e crianças. Várias governantes já
se pronunciaram contra o genocídio, inclusive a presidenta Dilma
Rousseff, que condenou a "reação desproporcional" contra
o Hamas. Já o primeiro-ministro da Turquia, Racyyp Erdogan,
afirmou que Israel já superou a barbárie nazista. Neste
domingo, o próprio secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), Ban Ki-moon, criticou o “terrível ataque"
e apelou para que o exército israelense "faça mais" para
poupar a vida dos civis palestinos.
Todos
estes apelos, porém, não têm contido a fúria assassina do
Estado terrorista de Israel, que conta apenas com o irrestrito
apoio do governo dos EUA. Diante deste cenário de barbárie, ganha
força um manifesto lançado nesta semana por intelectuais e
artistas de diversos países que propõe o imediato embargo militar a
Israel como forma de pressionar pelo fim das agressões e da ocupação
na Palestina. Segundo o texto, as trocas comerciais e militares com o
país bancam as ações do exército israelense. Entre os signatários
do manifesto estão seis Prêmios Nobel da Paz. Reproduzo abaixo o
documento:
*****
Israel,
mais uma vez desencadeou toda a força de seu exército contra a
população palestina em cativeiro, particularmente na sitiada Faixa
de Gaza, em um ato desumano e ilegal de agressão militar. O atual
ataque israelense em Gaza já matou muitos civis inocentes, causou
centenas de feridos e devastou infraestrutura civil, incluindo o
setor de saúde, que foi severamente danificado.
A capacidade
de Israel para lançar este tipo de ataques devastadores com
impunidade deriva em grande parte da vasta cooperação militar
internacional e comércio de armas que Israel mantém com governos
cúmplices em todo o mundo.
Durante o período de 2008 a 2019,
os Estados Unidos pretendem fornecer ajuda militar a Israel no valor
de 30 bilhões de dólares, enquanto vendas militares israelenses
anuais mundiais chegam a bilhões de dólares. Nos últimos anos, os
países europeus têm exportado armas para Israel no valor de bilhões
de euros e a União Europeia financiou as empresas militares
israelenses e universidades com bolsas de pesquisa militares no valor
de bilhões euros.
As economias emergentes, como a Índia,
Brasil e Chile, aumentam rapidamente o seu comércio e cooperação
militar com Israel, apesar de afirmarem que apoiam os direitos dos
palestinos.
Importando e exportando armas para Israel e
facilitando o desenvolvimento de tecnologia militar israelenses,
governos estão de fato enviando uma mensagem clara de aprovação da
agressão militar de Israel, incluindo os seus crimes de guerra e
possíveis crimes contra a humanidade.
Israel é um dos
principais produtores e exportadores de drones militares do mundo. A
tecnologia militar de Israel, desenvolvida para manter décadas de
opressão, é comercializado sob a classificação de “testada no
campo” e é exportado em todo o mundo.
O comércio militar
com Israel e as relações de pesquisa militar conjunta incentivam a
impunidade de Israel enquanto comete violações graves do direito
internacional e facilitam a consolidação de um sistema israelense
de ocupação, colonização e negação sistemática dos direitos
dos palestinos.
Apelamos às Nações Unidas e governos de
todo o mundo a tomar medidas imediatas para aplicar um abrangente e
juridicamente vinculativo embargo militar contra Israel, semelhante a
o embargo imposto a África do Sul durante o apartheid.
Governos
que expressam sua solidariedade com a população palestina em Gaza,
a mais atingida pelo militarismo, as atrocidades e a impunidade de
Israel, devem começar a cortar todos os laços militares com Israel.
Os palestinos hoje precisam da solidariedade efetiva não
caridade.
- Arch Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, África
do Sul;
- Rigoberta
Menchú, Prêmio Nobel da Paz, Guatemala;
- Mairead
Maguire, Prêmio Nobel da Paz, Irlanda;
- Adolfo
Perez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, Argentina;
- Jody
Williams, Prêmio Nobel da Paz, EUA;
- Betty
Williams, Prêmio Nobel da Paz, Reino Unido/Irlanda do
Norte;
- Roger
Waters, músico, Reino Unido;
- Alice
Walker, autora, EUA;
- Frei
Betto, teólogo da libertação, Brasil;
- Zwelinzima
Vavi, secretário-geral da COSATU, África do Sul;
- João
Antonio Felicio, presidente da Confederação Sindical Internacional,
Brasil;
- Slavoj
Zizek, filósofo, Eslovénia;
- Nurit
Peled, acadêmico, Israel;
- Gillian
Slovo, autor, ex-presidente do PEN (UK), Reino Unido;
- Gita
Hariharan, escritora, Índia;
- Federico
Mayor Zaragoza, ex-diretor geral da UNESCO, Espanha;
- Chris
Hedges, jornalista, Prêmio Pulitzer de 2002, EUA;
- Botas
Riley, rapper, poeta, produtor de artes, EUA;
- Noam
Chomsky, filósofo, comentador político, EUA;
- Ilan
Pappe, historiador, Israel;
- John
Dugard, ex-juiz do Tribunal Internacional de Justiça, África do
Sul;
- John
Pilger, jornalista e cineasta, Austrália;
- Richard
Falk, ex-relator especial da ONU sobre os Territórios Palestinos
Ocupados, EUA;
- Coodavia
Ismail, ex-embaixador da África do Sul de Israel;
- Judith
Butler, teórica de gênero, Prêmio Theodor W. Adorno, EUA.
Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/07/embargo-ao-estado-terrorista-de-israel.html#more
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