quarta-feira, 30 de julho de 2014

Texto integral do Plano Nacional de Educação aprovado em 25 de junho de 2014




Para conhecer o texto integral da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE), CLIQUE AQUI.




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Ariano vilão assassino

Por Frei Betto

Em setembro de 2005 fui a Mossoró receber a Medalha da Abolição, concedida pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Na mesma solenidade, Ariano Suassuna mereceu o título de Doutor Honoris Causa.

No voo entre Natal e Mossoró, falamos do que Ariano mais temia: viagem de avião. Conversa de corda em casa de enforcado. Contei-lhe que, um dia, perguntei ao meu mecânico se já havia viajado de avião. Seu Jorge parou de mexer no carburador e me olhou de banda:
— Então, seu Betto, eu vou lá entrar num veículo que anda lá em cima e a oficina fica aqui embaixo?

Ariano disse que amigos tentavam consolá-lo, afirmando que, segundo as estatísticas, há mais acidentes de carros que aéreos.
— Disraelli dizia - lembrou o autor de O Auto da Compadecida - que há três tipos de mentira: a comum, a deslavada e a estatística. Se esta diz alguma coisa, que me mostrem quantos escaparam de acidente de carro e quantos de desastre de avião. Um amigo ponderou: "Você viaja de carro e, de repente, cai num buraco de estrada. Lá em cima não tem buraco". Ao que retruquei: "Lá em cima é pior, o avião avança e o buraco segue embaixo."

No discurso de agradecimento à universidade, Ariano reproduziu a nossa conversa aérea e discorreu sobre as cantorias do Nordeste.
Ariano nunca cedeu ao computador. Nem à máquina de escrever. Preferia tecer à mão os seus belos textos literários. Por isso, foi convidado a participar de um evento no Recife, onde seriam apresentados os avanços da informática e, de quebra, a presumível morte do livro, decretada pelo advento do maravilhoso e-book.
— Quando o japonês mostrou toda aquela parafernália - contou-me Ariano - eu indaguei: "Então é nisso que vou ler livros? E quando quiser ir ao banheiro, carrego junto essa joça? Levo isso para a cama a fim de ler antes de dormir? E se cai no chão? E se a energia acaba?" O japonês ficou apertado de costura, insistindo em justificar o avanço da tecnologia. Propus um teste: "Já que você diz que vamos fazer livros nesse troço aí, vamos ver como ele escreve textos. Redija aí o meu nome: Ariano Villar Suassuna." O japonês digitou o Ariano e o bicho aceitou. Digitou o Villar e o diabo fez aparecer o corretor apontando erro e sugerindo vocábulo aproximado - "Vilão". Em seguida, digitou Suassuna. Mesma coisa. O vocábulo aproximado era "Assassino". Eu disse: "Como vou escrever numa coisa que me chama de Ariano Vilão Assassino?"

Para azar do representante de um grande provedor nacional, quando no evento ele exibiu um verso de Camões, retirado da Internet, Ariano recitou o poema inteiro. "Eu tenho memória de cão vingativo", confessou-me ele.




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terça-feira, 29 de julho de 2014

SEPE/RJ informa: PRAZO DE INSCRIÇÃO PARA ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO SE ENCERRA NESTA QUARTA-FEIRA (30/07)



Rio de Janeiro sediará o Encontro que será realizado entre os dias 8 e 10 de agosto. 


O prazo para as inscrições do Encontro Nacional de Educação (ENE), que será realizado no Rio de Janeiro entre os dias 8 e 10 de agosto, se encerra nesta quarta-feira 30/07. O evento reunirá professores, estudantes, técnico-administrativos em educação e militantes  de diversos movimentos sociais e populares que darão um novo ponto de  partida para aunificação das lutas dos movimentos sindicais, sociais e populares em defesa da educação  pública.

Para se inscrever, é preciso preencher formulário CLIQUE AQUI e efetuar o pagamento, por meio de depósito identificado na conta corrente 26.826-7, da agência 2883-5, do Banco do Brasil. Os valores são de R$ 30 por pessoa e R$ 5 para militantes de movimentos populares. Outras informações estão disponíveis no blog do ENE.


Marcha Nacional em Defesa da Educação Pública 


A abertura do ENE será marcada pela Marcha Nacional em Defesa da Educação Pública, que será realizada a partir das 16h30 do dia 8, sexta-feira, com concentração na Candelária, centro do Rio de Janeiro.


Eixos centrais

O Encontro Nacional de Educação defende o financiamento da educação pública; a democratização da educação; o acesso e permanência; o passe livre e transporte público.


O ENE é contra a privatização e mercantilização da educação das creches à pós-graduação; a precarização as atividades dos trabalhadores da educação e a avaliação meritocrática na educação.


Organização


O Encontro é organizado pelo Comitê Executivo Nacional da Campanha pelos 10% do PIB para a Educação Pública, Já!, que reúne entidades como o ANDES-SN, a CSP-Conlutas, o Sinasefe, Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (Anel), a Oposição de Esquerda da União nacional dos Estudantes (UNE), a Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física (EXNEEF), entre outras entidades e movimentos sociais.


O ENE será realizado no Clube Municipal Tijuca – Rua Haddock Lobo, 359 – Rio de Janeiro


Confira a programação do Encontro Nacional de Educação:

08/08 – sexta-feira – 16h30 – Ato de Abertura: Marcha Nacional em Defesa da Educação Pública na Candelária – da Candelária à Cinelândia;

09/08 – sábado – 8h30 – Mesa Conjuntura, lutas sociais e educação;

14h – Grupos de Discussão (I – financiamento; II – democratização da educação; III – transporte, passe livre; IV – privatização, mercantilização; V – avaliação e meritocracia; VI – precarização das condições de trabalho; VII – acesso e permanência)

10/08 – domingo – 8h30 – Plenária Final

Página oficial do evento: ENE




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Pouca Palestina resta. Pouco a pouco, Israel está apagando-a do mapa


Por Eduardo Galeano

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem sequer respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria e as suas terras. Para justificar-se, o terrorismo de Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo os seus autores quer acabar com os terroristas, conseguirá multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem sequer respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria, as suas terras, a sua água, a sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a eleger os seus governantes. Quando votam em quem não devem votar, são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se numa ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou legitimamente as eleições em 2006. Algo parecido tinha ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador.

Banhados em sangue, os habitantes de El Salvador expiaram a sua má conduta e desde então viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem. São filhos da impotência os rockets caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desleixada pontaria sobre as terras que tinham sido palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à orla da loucura suicida, é a mãe das ameaças que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está a negar, desde há muitos anos, o direito à existência da Palestina. Já pouca Palestina resta. Pouco a pouco, Israel está a apagá-la do mapa.

Os colonos invadem, e, depois deles, os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam o despojo, em legítima defesa. Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma das suas guerras defensivas, Israel engoliu outro pedaço da Palestina, e os almoços continuam. O repasto justifica-se pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita. Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, o que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, o que escarnece das leis internacionais, e é também o único país que tem legalizado a tortura de prisioneiros.

Quem lhe presenteou o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está a executar a matança em Gaza? O governo espanhol não pôde bombardear impunemente o País Basco para acabar com a ETA, nem o governo britânico pôde arrasar Irlanda para liquidar a IRA. Talvez a tragédia do Holocausto implique uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde vem da potência 'manda chuva' que tem em Israel o mais incondicional dos seus vassalos? O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe quem mata. Não mata por erro. Mata por horror. As vítimas civis chamam-se danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais.

Em Gaza, de cada dez danos colaterais, três são meninos. E somam milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está a ensaiar com êxito nesta operação de limpeza étnica. E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Por cada cem palestinos mortos, um israelita. Gente perigosa, adverte o outro bombardeamento, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a achar que uma vida israelense vale tanto como cem vidas palestinianas. E esses meios também nos convidam a achar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada comunidade internacional, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos assumem quando fazem teatro? Ante a tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial destaca-se uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade. Ante a tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos.

A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama uma ou outra lágrima enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caça aos judeus foi sempre um costume europeu, mas desde há meio século essa dívida histórica está a ser cobrada dos palestinos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão a pagar, em sangue, na pele, uma conta alheia.



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Desenvolvimento: vias em disputa


POR WLADIMIR POMAR


A questão do desenvolvimento se tornou chave para o Brasil. Deve, portanto, aparecer como um dos pontos centrais na disputa eleitoral. Provavelmente, de forma embaralhada, porque como tudo o mais na sociedade, está envolvido pelos interesses de classe. Assim, pode-se dizer que, no momento, estão em disputa, clara ou nebulosamente, várias vias de desenvolvimento.

Até os teóricos do neoliberalismo, representantes da burguesia financeira e das grandes corporações transnacionais, reafirmam sua necessidade. Para eles, o desenvolvimento depende das metas de inflação, superávit primário e câmbio flexível. Ou seja, de juros altos, garantia do pagamento da dívida financeira e subordinação da moeda nacional às flutuações do dólar. Mas apresentam essas medidas duras de forma adocicada.

Armando Castellar, por exemplo, diz que o desenvolvimento é igual à conjunção de crescimento rápido e autossustentado, transformação da estrutura econômica, avanço tecnológico, progresso institucional, melhoria dos indicadores sociais e sustentabilidade ambiental. Nessa conjunção, as falhas de governo seriam tão ou mais prejudiciais do que as falhas do mercado. Pleiteia, então, a substituição do controle e comando do Estado por mais competição. Ou seja, os preços relativos domésticos deveriam ser alinhados aos preços internacionais. E o setor privado deveria ter liberdade de decidir como, onde e quando investir e produzir.

Quanto ao Estado, deveria apenas: realizar a disciplina fiscal; aumentar os gastos públicos em educação e saúde; realizar a reforma tributária; aceitar as taxas de juros e as taxas de câmbio determinadas pelo mercado; fazer a abertura comercial; atrair investimentos diretos externos; intensificar a privatização e a desregulamentação; e respeitar os direitos de propriedade. Ou seja, repetir o que foi feito nos anos 1990, quando predominou a receita estipulada pelo Consenso de Washington. Essa via, segundo Castellar, teria promovido, na média, resultados positivos.

Caberia perguntar: o que tem aquela conjunção, apresentada como igual a desenvolvimento, com os resultados, mesmo na média, da situação econômica e social dos anos 1990? Nesses anos houve a devastação do parque industrial, o sucateamento da infraestrutura, o desmonte da capacidade de planejamento e de projetos do Estado, a privatização e degradação dos serviços públicos, e a ampliação vergonhosa da miséria.

Na média, foram anos desastrosos para o país. Mas o fato de que haja quem os ache positivos, mesmo na média, significa que essa via neoliberal continua teórica e praticamente na disputa. Basta prestar atenção às generalidades apresentadas por Aécio Neves e seus propagandistas.

Diferentemente dos teóricos da burguesia financeira e das transnacionais, há representantes de frações burguesas industriais e agrárias que apresentam visão diferente do desenvolvimento. Delfim Netto e Akihiro Ikeda, por exemplo, acham que desenvolvimento é uma combinação de termodinâmica e economia. Ele organizaria a captura de energia do meio ambiente e voltaria a dissipá-la no processo produtivo.

Para crescer, se o país não tem capacidade de organizar a energia necessária para alimentar sua força de trabalho e mover suas máquinas, terá que comprá-la no mercado internacional. Isto exigiria uma capacidade importadora que depende do volume físico de exportação do país e dos preços relativos entre exportação e importação. Isto é, da relação de troca. Assim, desenvolvimento econômico seria apenas o codinome da relação PIB / força de trabalho, que mede a produtividade do trabalho.

Eles alertam para o fato de que o conceito de capital físico é um problema insolúvel para os macroeconomistas. Mas o capital físico seria o trabalho morto que só adquire vida quando fertilizado pelo capital humano. Sua medida no processo produtivo (mesmo se existisse) não poderia ser independente dessa interação. Em particular, existiria a ação importante e indispensável da reduzida parte da força de trabalho constituída pelos empresários, que moveriam o processo produtivo.

São interessantes esses conceitos que explicitam a via que poderíamos chamar dedesenvolvimento puramente capitalista. Ao comportar capitais físicos e humanos e trabalho morto e trabalho vivo, ela articularia os aspectos econômicos e sociais do desenvolvimentoAo mesmo tempo, negam a possiblidade de medição do trabalho no processo produtivo. Ou seja, negam a existência da taxa de exploração, a mais-valia. E, ao introduzir os empresários como parte da força de trabalho, justificam a apropriação privada de sua parte no capital.

Essa é a expressão sintética da via de desenvolvimento que parte das frações burguesas produtivas pretende ver implementada. Por um lado, se contrapõe à via neoliberal. Por outro, se opõe à luta dos trabalhadores contra a exploração capitalista. É por essa via que navegam alguns candidatos que escondem ou mascaram o caráter capitalista do desenvolvimento que sugerem.

João Sicsu, por outro lado, se opõe tanto à via neoliberal quanto à via de desenvolvimento puramente capitalista. Ele propõe um desenvolvimento que construa uma sociedade democrática, tecnologicamente avançada, com emprego e moradia dignos para todos. Um desenvolvimento ambientalmente planejado, com justa distribuição de renda e da riqueza, com igualdade de oportunidades e com um sistema de seguridade social de máxima qualidade e universal. Tal desenvolvimento teria sua expressão máxima no Estado de bem-estar social.

Um desenvolvimento desse tipo pode ocorrer no sistema capitalista? Pode, embora com relatividades acentuadas. Historicamente, ocorreu na Europa, após a segunda guerra mundial. Estados capitalistas tecnologicamente avançados e relativamente democráticos garantiram certa seguridade social a seus trabalhadores. A igualdade de oportunidades não era tão igual, e a distribuição da renda e da riqueza não era tão justa. Mas havia a impressão de certo bem-estar geral.

O problema é que essa experiência só foi possível em condições históricas muito particulares. Primeiro, porque o bem-estar dos trabalhadores europeus tinha por base a exploração suplementar dos trabalhadores e dos povos das colônias e semicolônias. Segundo, porque os países capitalistas visavam construir uma muralha à expansão socialista na Europa. Ou seja, o desenvolvimento capitalista socialdemocrata dependeu de condições históricas especiais que não mais existem. Bastou a derrocada do socialismo de tipo soviético para findar o Estado de Bem-Estar europeu.

Essa é uma via de desenvolvimento que está fora de cogitação de qualquer das frações da burguesia existente no Brasil. Talvez por isso Eli Diniz ataque as visões de desenvolvimento que têm como parâmetros o crescimento do PIB, o aprofundamento da industrialização ou a expansão das exportações. Para ele, tais visões passariam ao largo do que chama liberdades substantivas, como a de participação política ou de receber educação básica e assistência médica.

Segundo ele, desenvolvimento requer, antes de tudo, que se removam as principais fontes de privação da liberdade, tais como a tirania e a pobreza, a carência de oportunidades econômicas, a destituição social sistemática, a negligência de oferta de serviços púbicos essenciais e a insegurança econômica, social e política. Tal conceito ou via de desenvolvimento seria um contraponto à realidade do mundo capitalista contemporâneo, marcado por profundas assimetrias entre as nações e pela descrença quanto à viabilidade de projetos igualitários.

Por um lado, Diniz não leva em conta que sem crescimento do PIB, sem industrialização e sem exportações e importações, não há como atender às liberdades substantivas. Por outro, ao falar de projetos igualitários, Diniz parece representar os setores sociais e políticos que acham possível e necessário superar ou aniquilar o capitalismo sem outras considerações além da vontade coletiva de realizar um desenvolvimento não-capitalista.

Ele não considera que, para superar o capitalismo, é preciso criar uma força social poderosa, tendo por base os trabalhadores assalariados. O que depende do capitalismo haver se desenvolvido a ponto de gerar esse seu contrário econômico e social. Depois, tentar aniquilar o capitalismo antes que ele tenha elevado as forças produtivas a um nível capaz de suportar uma sociedade de iguais pode representar um desenvolvimento regressivo, ou a negação do próprio desenvolvimento, como ocorreu na União Soviética e em outros países onde a vontade coletiva fez tal tentativa.

Para ter uma sociedade igualitária, é indispensável que as forças produtivas tenham alcançado alto grau de automação e produtividade. E, com isso, tornem desnecessário o trabalho humano como obrigação de sobrevivência pessoal e familiar e possam atender a todas as necessidades materiais e culturais dos membros da sociedade. Em outras palavras, é necessário que o capitalismo tenha esgotado todas as suas condições de desenvolvimento científico e tecnológico, e tenha criado um absurdo civilizatório ao se apropriar da riqueza socialmente produzida.

Na situação do Brasil, em que vigora um tipo específico de capitalismo, e em que as forças de esquerda são apenas capazes de disputar a pequena parcela do Estado representada pelo governo central, a disputa em torno das vias de desenvolvimento é ainda mais complexa. O maior objetivo negativo consiste em repudiar a via neoliberal e, secundariamente, em mitigar a via puramente capitalista.

Nessas condições, estamos diante da necessidade de encarar uma via de desenvolvimento capitalista que se distinga das vias neoliberal, puramente capitalista, e de Bem-estar, assim como da utopia de liquidação imediata do capital. Uma via que opere no sentido de criar mecanismos estatais que se imponham ao capital e o orientem no processo de desenvolvimento. Mas chegar a uma unidade em torno disso demanda uma longa discussão.







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Conversando com versos (69): "O Crepúsculo dos Deuses", de Olavo Bilac (1865-1918)



“O CREPÚSCULO DOS DEUSES”


Fulge em nuvens, no poente, o Olimpo. O céu delira.
Os deuses rugem. Entre incêndios de ouro e gemas,
Há torrentes de sangue, hecatombes supremas,
Heróis rojando ao chão, troféus ardendo em pira.

Ilíadas, bulcões e gládios e diademas,
Ossa e Pelion tombando, e Zeus em raios de ira,
E Acrópole em fogo, e Homero erguendo a lira
Em reverberações de batalhas e poemas...

Mas o vento, embocando as bramidoras trompas,
Clangora. Rolam no ar, de roldão, num tumulto,
Os numes e os titãs, varridos à rajada:

E ódio, furor, tropel, fastígio, glória, pompas,
Chamas, o Olimpo, - tudo esbate-se, sepulto
Em cinza, em crepe, em fumo, em sonho, em noite,
                                                                         [em nada...


Fonte: Lima, Alceu Amoroso. Olavo Bilac Poesia. Coleção Nossos Clássicos (2). Rio de Janeiro: Agir Editora, 1980, 7ª ed., p. 89


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Festejar: é afirmar a bondade da vida



Por Leonardo Boff

O tema da festa é um fenômeno que tem desafiado grandes nomes do pensamento como R. Caillois, J. Pieper, H. Cox, J. Motmann e o próprio F.Nietzsche. É que a festa revela o que há ainda de mítico em nós no meio da prevalência da fria racionalidade. Quando se realizou a Copa de futebol no Brasil no mes de junho/julho do corrente ano de 2014 irromperam as grandes festas, em todas as classes sociais, verdadeiras celebrações. Mesmo depois da humilhante derrota do Brasil frente à Alemanha, as festas não esmoreceram. Na Costa Rica, mesmo não sendo a campiã do mundo, mas mostraram excelente futebol, até o Presidente saíu à rua para celebrar. Não foi diferente na Colômbia.
A festa faz esquecer os fracssos, suspende o terrível cotidiano e o tempo dos relógios. É como se, por um momento, participássemos da eternidade, pois na festa não percebemos o tempo passar.
A festa, em si, está livre de interesses e finalidades, embora haja festas para negócios onde a festa se transforma em berber, comer e negociar. Mas na festa que é festa, todos estão juntos não para aprenderem ou ensinarem algo uns aos outros, mas para alegrarem-se, para estar aí, um-para-o-outro comendo e bebendo na amizade e na concórdia. A festa reconcilia todas as coisas e nos devolve a saudade do paraíso das delícias, que nunca se perdeu totalmente. Platão sentenciava com razão:”os deuses fizeram as festas para que pudéssem respirar um pouco”. A festa não é um só um dia dos homens mas também “um dia que o Senhor fez” como diz o Salmo 117,24. Efetivamene, se a vida é uma caminhada onerosa, precisamos, às vezes, parar para respirar e, renovados, seguir adiante.
A festa parece um presente que já não depende de nós e que não podemos manipular. Pode-se preparar a festa. Mas a festividade, vale dizer, o espírito da festa, surge de graça. Ninguém a pode prever nem simplemente produzir. Apenas nos podemos prepar interior e exteriormente e acolhê-la.
Pertence à festa mais social (bodas, aniversário) a roupa festiva, a ornamentação, a música e até a dança. Donde brota a alegria da festa? Talvez Nietszche encontrou sua melhor formulação:”para alegrar-se de alguma coisa, precisa-se dizer a todas as coisas: sejam benvindas”. Portanto, para podermos festejar de verdade precisamos afirmar positivamente a totalidade das coisas.:”Se pudermos dizer sim a um único momento então teremos dito sim não só a nós mesmos mas à totalidade da existência” ”(Der Wille zur Macht, livro IV: Zucht und Züchtigung n.102).
Esse sim subjaz às nossas decisões cotidianas, em nosso trabalho, na preocupação pela família, na convivência com os colegas. A festa é o tempo forte no qual o sentido secreto da vida é vivido mesmo inconscientemente. Da festa saimos mais fortes para enfrentar as exigências da vida.

Em grande parte, a grandeza de uma religião, cristã ou não. reside em sua capacidade de celebrar e de festejar seus santos e mestres, os tempos sagrados, as datas fundacionais. Na festa cessam as interrogações do coração e o praticante celebra a alegriade de sua fé em companhia de irmãos e irmãs que com eles partilham das mesmas convicções, ouvem a mesma Palavra sagrada e se sentem próximos de Deus.

Vivendo desta forma, a festa religiosa, percebemos de como é equivocado o discurso que sensacionalisticamente anuncia a morte de Deus. Trata-se de um trágico sintoma de uma sociedade saturada de bens materiais, que assiste lentamente não a morte de Deus, mas a morte do homem que perdeu a capacidade de chorar, de se alegrar pela bondade da vida, pelo nascer do sol e pela carícia entre dois namorados.
Novamente nos socorre  Nietzsche que muito entendeu da verdade essencial do Deus vivo, sepultado sob tantos elementos envelhecidos de nossa cultura religiosa e da rigidez da ortodoxia das igrejas: a perda da jovialidade, isto é, da graça divina (jovialidade vem de Jupter, Jovis). É a consequência fundamental da morte de Deus (Fröhliche Wissenschaft III, aforismo 343 e 125).
Pelo fato de havermos perdido a jovialidade, grande parte de nossa cultura não sabe festejar. Conhece sim a frivolidade, os excessos do comer e beber, os palavrões grosseiros, e as festas montadas como comércio, nas quais há tudo menos alegria e jovialidade.
A festa tem que ser preparada e somente depois celebrada. Sem esta disposição interior corre o risco de perder seu sentido alimentador da vida onerosa que levamos. Hoje em dia vivemos em festas. Mas porque não sabemos nos preparar nem prepará-las. saimos delas vazios ou saturados quando seu sentido era de encher-nos de um sentido maior para levar avante a vida, sempre desafiante e para a maioria, trabalhosa.



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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ato em Defesa ao Direito de Greve: Evento reuniu mais de 200 pessoas na ABI nesta quinta (dia 24/7)




O Sepe realizou nesta quinta-feira (dia 24/7) um ato público em defesa do direito de greve. O evento foi realizado no auditório da ABI e teve por objetivo denunciar as ações dos governos contra o direito constitucional da categoria de realizar greves e expressar a solidariedade de entidades do movimento social, centrais sindicais,partidos políticos e entidades que lutam pela defesa dos direitos humanos aos profissionais que sofreram retaliação dos governos estadual e municipal, com descontos nos salários e abertura de processos administrativos por que participaram da última greve unificada em defesa da educação pública.

Outro ponto de destaque do ato na ABI foi o repúdio generalizado ao estado de exceção instaurado no Rio de Janeiro pelas forças de segurança, com prisões de manifestantes e abertura de inquéritos contra entidades sindicais, numa clara tentativa de criminalização dos movimentos sociais e de impedimento de manifestações de rua. Todos os presentes reiteraram a política de solidariedade ao movimento social e ao Sepe e exigiram o fim das perseguições políticas no Rio de Janeiro e no restante do país.

Ao final do evento, ficou apontado o compromisso de unificação das lutas dos trabalhadores e a participação em um ato que será realizado no dia 30 de julho.

Veja a relação dos presentes ao ato em defesa do direito de greve e em solidariedade ao Sepe e aos profissionais de educação: Liga Internacional;

PC do B;
ANEL;
Tortura Nunca Mais;
Sindicato dos Médicos,
Comissão de Direitos Humanos;
Profissionais da educação de Minas Gerais;
IDDH;
APEOESP;
SINDCOP;
ADUFRJ;
CONTE;
ASSIBGE;
SINDPFAETEC;
CESP,
CONLUTAS;
MST;
AERJ;
ABI;
SINASEF;
SINTIFRJ;
SINTUFF;
UEE;
SINDICATO DOS JORNALISTAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO;
SINDSPREV;
PSOL;
PSTU;
Parlamentares: Reimont (PT), Eliomar Coelho (PSOL); Chico Alencar (PSOL); Janira Rocha (PSOL; JeffersonMoura (PSOL); Renato Cinco (PSOL).

Personalidades da Educação: Roberto Leher (UFRJ). Nicholas Davies (UFF)





Diretoria do Sepe Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu

Sepe - Núcleo Rio das Ostras e Casimiro de Abreu
End.: Alameda Casimiro de Abreu, 292 – 3º and. Sl. 8 – Nova Esperança – Rio das Ostras
Tel.: (22) 2764-7730
Horário de Funcionamento: Segunda, Quarta e Sexta das 09h às 13h; Terça e Quinta das 13h às 17h.
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