Para
onde caminhamos? Para onde caminha a humanidade? Para onde está caminhando o
Brasil às vésperas de seus 200 anos de independência em 2022? A que têm servido
os “bons costumes” da sociedade? Em pleno século 21, em meio aos avanços
tecnológicos e científicos, a pandemia revela e põe em prova a nossa capacidade
de solidariedade e de administrar conflitos. Milhares de pessoas morrendo,
recursos estocados em bancos internacionais, aparelhos de saúde parados em
depósitos por terem sido superfaturados e impossibilitados de ser usados,
testes de Covid vencendo o prazo de validade e sem serem utilizados.
Vacinas
não chegam em tempo à população porque o governo não encomendou com
antecedência. Colocando suspeitas sobre as vacinas já aprovadas pela
Organização Mundial da Saúde, e outros países. O auxílio emergencial alimentou
68 milhões de brasileiros/as, dos 108 milhões que solicitaram. Mesmo assim, em
2020, sobraram 29 milhões do valor orçado e liberado para esse fim. Em 2021, o
governo cortou mais de 20 milhões de pessoas das que receberam o auxílio no ano
passado, além da redução drástica do valor a ser recebido.
O
preço dos alimentos subiu absurdamente. A fome aumentou em decorrência do
desemprego e da pandemia. Uma pesquisa da Central Única de Favelas (CUFA),
Institutos Data Favela e Locomotiva, no Rio de Janeiro, em março de 2021,
apontou que 82% da população que vivem nas favelas e periferias não conseguem
sobreviver sem doações. Com isso, a fome volta a nos aterrorizar e as
tecnologias e políticas não são suficientes para conter tal monstruosidade.
As
grandes empresas atacadistas, cerealistas, promoveram em 2020 o aumento do
preço dos alimentos, pois sabiam que a população que recebeu o auxílio
emergencial gastou 53% deste na compra de alimentos e 25% para pagamento de
contas de luz e água, são dados da Campanha pelo Auxílio Emergencial até o fim
da pandemia. Além disso, a maior parte da área de produção no Brasil é
destinada ao agronegócio que produz para exportar. Só a gasolina subiu 40,76% e
o diesel 36,14%, no período de janeiro a março de 2021.
Dados
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que, em 2020, a
população em situação de rua aumentou para mais de 220 mil pessoas. Quem ajuda
a servir alimentos para essas pessoas percebe, facilmente, novos sujeitos
vivendo nas ruas, famílias com crianças, idosos, migrantes. Além do preço dos
alimentos, também o aluguel, água e luz sofreram reajustes salgados para o
bolso das famílias.
É
fato que sofremos o impacto de um vírus cada vez mais agressivo. Quem mais
sofre, de imediato, são os pobres, dentre os quais, as mulheres e
afrodescendentes. Mas, assistimos a um governo totalmente negligente,
negacionista e genocida, à medida em que omitiu problemas que poderiam levar o
SUS ao colapso, dificultou a compra de vacinas, incentivou e gastou com
medicamentos para tratamento precoce da doença sem a validação da comunidade
científica. Restringiu o acesso e o valor do auxílio emergencial, permitiu que
fazendeiros avançassem com desmatamento, mineração ilegal e grilagem das terras
indígenas. E o Congresso Nacional continua votando, todo dia, perdas de
direitos como o direito à garantia de acesso ao serviço público.
A
tendência do capitalismo, que se tem chamado de uberização, avança na
desregulamentação dos direitos e exploração da força de trabalho, com carga
horária exaustiva e salário rebaixado. O exemplo disso, vimos nas manifestações
dos Entregadores Antifascistas, em diversos estados do Brasil.
O caminho é coletivo, como em outras épocas de crises. Precisamos nos fortalecer. Fortalecer as ações de solidariedade, as ações locais em defesa da vida. Assim que a pandemia passar, com a ampla imunização da população, voltaremos com tudo a ocupar as ruas e praças para resgatar nossos direitos. O 27º Grito nos convida a lutar por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda, já!
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