Por Professor Jonathan
15 de Outubro. Acordo com belas mensagens no facebook, a mais bela dela, pelo whatsapp, da minha mãe dizendo que sou seu professor favorito. Devo correr para o ensaio do teatro, mas antes me inclino a escrever um texto idílico a respeito da profissão à qual me dedico há mais de uma década. "A mais importante profissão", o falso consenso societário que nunca se aplica em nossa prática.
Algo no entanto me move em outro sentido: a prática como critério da verdade, e me dedico nestas poucas palavras a escrever sobre algo que aflige grande parte dos profissionais: o ASSÉDIO MORAL.
O problema tem difícil diagnóstico. Parte de pequenas ações, geralmente de seus chefes imediatos, nem sempre reconhecido pelos pais dos alunos ou, muitas vezes, pelos próprios colegas de trabalho.
Sofri sem saber com o assédio moral assim que me formei e comecei a trabalhar. Na época eu não tinha ideia de como a coisa funcionava. Era recorrentemente chamado à sala da direção que fazia questão de elevar pequenos erros à condições abismais. Eu ficava estressado, nervoso. Tinha muito medo de errar.
Passados os anos, com a militância no Sindicato dos Profissionais de Educação, travando o bom combate contra o assédio moral e pela valorização dos profissionais da educação, me sinto mais seguro para enfrentar este problema e convido, nesta nossa data, meus amigos professores ou não-professores a refletirem sobre seus efeitos na consciência e na vida prática dos profissionais, bem como, a aderirem ao combate necessário ao assédio moral.
Antes de tudo, o Assédio Moral é uma forma de estabelecer claramente uma relação de poder entre chefia imediata (na educação isto significa direções escolares) e profissionais. Seja claramente através de gritos e humilhações, seja através de conversas a portas trancadas onde o professor é geralmente compelido a registrar seus pequenos erros e a abaixo-assinar sua incompetência. Estes registros posteriormente são a arma das direções contra os próprios profissionais em situações de demissão, no caso das escolas particulares e de exoneração (em casos mais extremos), disposição ou processo disciplinar, estes últimos no caso do funcionalismo público.
Esta pressão que se estabelece, somada às péssimas condições de trabalho e à necessidade de dupla ou tripla jornada em função dos baixos salários levam inevitavelmente os professores a cometerem novos erros que geram por sua vez os motivos que os superiores hierárquicos buscam para novos assédios.
Em uma conjuntura em que este profissional é elencado ao grau de "inimigo público número um", com projetos que preveem ainda mais controle e assédio, a única forma de combater este ato criminoso contra os trabalhadores que dedicaram suas vidas à construção de uma sociedade mais humana e justa, é assumir uma postura vigilante de completa solidariedade de classe aos profissionais de educação.
Por isto, aí vão algumas dicas para profissionais e também para os pais que se preocupam com a saúde psicológica daqueles que se dedicam à educação de seus filhos.
1. Quando for conversar com o professor, procure saber se ele está bem. Lembre-se sempre de sua dupla, tripla ou quádrupla jornada. Professores são aqueles que mais levam tarefas para casa. Tanto é que têm lei específica que determina parte de sua carga-horária (insuficiente) para fim de trabalhos que se realizam fora do local de trabalho;
2. Lembre-se em seus domingos, feriados, etc., que muitas vezes o professor do seu filho está em casa trabalhando, fazendo planejamentos, corrigindo provas, estudando;
3. Os sindicatos dos profissionais da educação são nossos maiores parceiros no combate ao assédio moral. Denuncie casos, convoque os sindicatos para ações políticas de combate ao assédio em seu local de trabalho, mesmo que o assédio não esteja acontecendo contigo. Lembre-se, uma direção que tem uma postura autoritária hoje com um colega seu, inevitavelmente fará o mesmo no futuro e se você não tiver feito nada antes, estará enfraquecido caso seja a sua vez;
4. Elogie o trabalho dos profissionais da educação. A satisfação dos pais pode inibir as direções à prática do assédio. Muitas vezes, sem saber os pais corroboram com a ação injusta de certas direções, na medida em que têm pequenas reclamações registradas, que servirão de posterior argumento para o assédio aos profissionais. Portanto, registre-se também os elogios;
5. Não se permita desta forma, ser utilizado como massa de manobra das intenções autoritárias por parte destas chefias;
6. Participe da luta pela implementação da eleição para direção. Cargos eletivos têm menos inclinação ao assédio, por sua inerente necessidade de dar respostas primeiro à sua base social e não às autoridades;
7. Leia Paulo Freire e entenda quem são seus verdadeiros aliados.
Estes são alguns rápidos apontamentos que corro a fazer antes do meu ensaio. Qualquer coisa que tenha faltado, registre-se nos comentários que me disponho a adicionar ao texto posteriormente. Agora sim, tendo trazido a debate algo fundamental para a nossa vida laboral, agradeço aos profissionais da educação que me formaram e àqueles com quem divido diariamente a luta por uma educação humana e emancipadora. Parabéns professores!
15 de Outubro. Acordo com belas mensagens no facebook, a mais bela dela, pelo whatsapp, da minha mãe dizendo que sou seu professor favorito. Devo correr para o ensaio do teatro, mas antes me inclino a escrever um texto idílico a respeito da profissão à qual me dedico há mais de uma década. "A mais importante profissão", o falso consenso societário que nunca se aplica em nossa prática.
Algo no entanto me move em outro sentido: a prática como critério da verdade, e me dedico nestas poucas palavras a escrever sobre algo que aflige grande parte dos profissionais: o ASSÉDIO MORAL.
O problema tem difícil diagnóstico. Parte de pequenas ações, geralmente de seus chefes imediatos, nem sempre reconhecido pelos pais dos alunos ou, muitas vezes, pelos próprios colegas de trabalho.
Sofri sem saber com o assédio moral assim que me formei e comecei a trabalhar. Na época eu não tinha ideia de como a coisa funcionava. Era recorrentemente chamado à sala da direção que fazia questão de elevar pequenos erros à condições abismais. Eu ficava estressado, nervoso. Tinha muito medo de errar.
Passados os anos, com a militância no Sindicato dos Profissionais de Educação, travando o bom combate contra o assédio moral e pela valorização dos profissionais da educação, me sinto mais seguro para enfrentar este problema e convido, nesta nossa data, meus amigos professores ou não-professores a refletirem sobre seus efeitos na consciência e na vida prática dos profissionais, bem como, a aderirem ao combate necessário ao assédio moral.
Antes de tudo, o Assédio Moral é uma forma de estabelecer claramente uma relação de poder entre chefia imediata (na educação isto significa direções escolares) e profissionais. Seja claramente através de gritos e humilhações, seja através de conversas a portas trancadas onde o professor é geralmente compelido a registrar seus pequenos erros e a abaixo-assinar sua incompetência. Estes registros posteriormente são a arma das direções contra os próprios profissionais em situações de demissão, no caso das escolas particulares e de exoneração (em casos mais extremos), disposição ou processo disciplinar, estes últimos no caso do funcionalismo público.
Esta pressão que se estabelece, somada às péssimas condições de trabalho e à necessidade de dupla ou tripla jornada em função dos baixos salários levam inevitavelmente os professores a cometerem novos erros que geram por sua vez os motivos que os superiores hierárquicos buscam para novos assédios.
Em uma conjuntura em que este profissional é elencado ao grau de "inimigo público número um", com projetos que preveem ainda mais controle e assédio, a única forma de combater este ato criminoso contra os trabalhadores que dedicaram suas vidas à construção de uma sociedade mais humana e justa, é assumir uma postura vigilante de completa solidariedade de classe aos profissionais de educação.
Por isto, aí vão algumas dicas para profissionais e também para os pais que se preocupam com a saúde psicológica daqueles que se dedicam à educação de seus filhos.
1. Quando for conversar com o professor, procure saber se ele está bem. Lembre-se sempre de sua dupla, tripla ou quádrupla jornada. Professores são aqueles que mais levam tarefas para casa. Tanto é que têm lei específica que determina parte de sua carga-horária (insuficiente) para fim de trabalhos que se realizam fora do local de trabalho;
2. Lembre-se em seus domingos, feriados, etc., que muitas vezes o professor do seu filho está em casa trabalhando, fazendo planejamentos, corrigindo provas, estudando;
3. Os sindicatos dos profissionais da educação são nossos maiores parceiros no combate ao assédio moral. Denuncie casos, convoque os sindicatos para ações políticas de combate ao assédio em seu local de trabalho, mesmo que o assédio não esteja acontecendo contigo. Lembre-se, uma direção que tem uma postura autoritária hoje com um colega seu, inevitavelmente fará o mesmo no futuro e se você não tiver feito nada antes, estará enfraquecido caso seja a sua vez;
4. Elogie o trabalho dos profissionais da educação. A satisfação dos pais pode inibir as direções à prática do assédio. Muitas vezes, sem saber os pais corroboram com a ação injusta de certas direções, na medida em que têm pequenas reclamações registradas, que servirão de posterior argumento para o assédio aos profissionais. Portanto, registre-se também os elogios;
5. Não se permita desta forma, ser utilizado como massa de manobra das intenções autoritárias por parte destas chefias;
6. Participe da luta pela implementação da eleição para direção. Cargos eletivos têm menos inclinação ao assédio, por sua inerente necessidade de dar respostas primeiro à sua base social e não às autoridades;
7. Leia Paulo Freire e entenda quem são seus verdadeiros aliados.
Estes são alguns rápidos apontamentos que corro a fazer antes do meu ensaio. Qualquer coisa que tenha faltado, registre-se nos comentários que me disponho a adicionar ao texto posteriormente. Agora sim, tendo trazido a debate algo fundamental para a nossa vida laboral, agradeço aos profissionais da educação que me formaram e àqueles com quem divido diariamente a luta por uma educação humana e emancipadora. Parabéns professores!
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